A Santa Casa de Araraquara encerrou o ano passado com uma dívida de R$13,5 milhões. A informação consta da primeira manifestação pública do hospital, após os recentes questionamentos sobre a sua situação financeira e os impactos na saúde do município.
Em comunicado, a Santa Casa afirma que a situação se agravou durante a pandemia e que “vem continuamente tomando empréstimos em instituições privadas para a complementação orçamentária e financiamento dos atendimentos”. Mas que, consequentemente, está “deixando de cumprir com suas obrigações com os fornecedores”.
ORIGEM DA CRISE
O hospital elencou os motivos que fizeram com que chegasse ao cenário atual, com demora de atendimentos, falta de medicamentos e cancelamentos de cirurgias. A Santa Casa é referência para 24 municípios da região e 90% dos atendimentos são pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a instituição, para cada R$100 gastos nos cuidados de um paciente, em média, apenas 60% são reembolsados pelo SUS, ou seja, o hospital arca com os R$40 restantes.
O hospital também cita o exemplo de uma diária em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Do custo de R$1,8 mil por paciente, apenas R$800 são pagos pelo ministério da Saúde.
Outro fator apontado pela Santa Casa para a crise atual são os reajustes dos valores dos medicamentos, como a ampola de dipirona, que ficou 406% mais cara. Um tipo de anestésico que era adquirido por R$ 1,50 passou a custar R$ 189.
“Registra-se neste momento a escassez de anestésicos no mercado para realização de cirurgias, o que gera impacto profundo na operacionalização hospitalar e giro dos leitos”, complementa a nota.
O hospital diz que está trabalhando acima de sua capacidade operacional, com “aumento da demanda acima do volume contratado, superlotação da unidade de urgência e emergência, UTI e unidades de Internação”.
A SOLUÇÃO
A Santa Casa aponta medidas corretivas imediatas para dar continuidade aos serviços de forma regular ou com a qualidade esperada, como atendimento dentro da capacidade hospitalar disponibilizada e contratada; financiamento adequado ao custo dos serviços prestados; recebimento dos extra-tetos gerados e criação de sinergias entre os municípios da região atendidos.
AJUDA
Segundo a Santa Casa, a situação atual é de conhecimento de todos. Na última terça-feira (5), inclusive, se reuniu com representantes da Prefeitura, Departamento Regional de Saúde (DRS-III) e Ministério Público.
“A Santa Casa vem oficiando e se reunindo, sistematicamente, com as esferas governamentais no sentido de buscar alternativas e meios para atravessar este cenário”, justifica.
Após reunião, a Prefeitura disse ter feito uma liberação de R$ 500 mil para o hospital comprar insumos e materiais para agilizar as cirurgias. Na reunião, o prefeito Edinho Silva (PT) propôs custear a produção integral mensal dos serviços prestados pela Santa Casa, independente dos valores repassados pelo Ministério da Saúde para cobrir as despesas do SUS.
O hospital também rebateu a Câmara Municipal, que afirmou em seu site oficial que a diretoria da Santa Casa nunca esteve no Legislativo para prestar esclarecimentos; referindo-se a encontro realizado na última sexta-feira (1º).
“Registra que não foi convidada para a reunião, onde a pauta foi sobre os atendimentos da Santa Casa. Registra também que sempre que solicitada, respondeu gentilmente e respeitosamente à Casa de Leis”, afirma.