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CotidianoCombate à LGBTfobia: conheça a história da araraquarense Ellyn

Combate à LGBTfobia: conheça a história da araraquarense Ellyn

No mês do combate à LGBTfobia, a comerciante Ellyn conta a sua trajetória de encontro a si mesma: uma mulher trans e drag queen

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Ellyn Rosa comanda uma lanchonete em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

 

 

 

 

 

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Se tem uma luta que a comerciante Ellyn Rosa Minga, de 34 anos, enfrentou, foi a de ser ela mesma: uma mulher trans na sociedade brasileira. 

No mês do combate à LGBTfobia, em um país que mais mata mulheres transexuais no mundo, Ellyn é um exemplo de superação, coragem e determinação. 

De acordo com dados da ONG Grupo Gay da Bahia, que faz levantamento sobre violência contra LGBTQI+ no território brasileiro, a cada 29 horas uma pessoa é morta devido a sua orientação sexual ou identidade de gênero. 

A araraquarense criada no bairro do Cecap, é antes de tudo, uma sobrevivente. Ellyn enfrentou bullyng na escola, brigas, desentendimentos familiares, caiu na prostituição e chegou ao fundo do poço com drogas. Mas como uma Fênix, ela deu a volta por cima. 

Em Portugal, encontrou o amor da sua vida, o português Pedro Jaime Minga. Casados há 10 anos, eles comandam uma lanchonete no centro da cidade. 

“Sou uma mulher trans, casada, comerciante e não tenho problema de falar quem eu sou. Para mim é natural, não me escondo, sou quem eu sou e vou vivendo”, comentou.  

 

Pedro e Ellyn são casados há 10 anos e administram uma lanchonete em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

  

Na sua adolescência, após se ver no espelho “montada” de drag queen, Ellyn se descobriu como uma mulher trans. Ainda na escola ela já costumava se maquiar e enfrentou muito preconceito. 

“Me descobri na arte drag com 17 anos, com a Yohana. Fui maquiada, montada e me reconheci, pensei é isso que sempre quis ser! Na escola eu passava batom, gloss, maquiagem e ninguém me entendia, porque na época não tinha tanta informação. Isso foi há 20 anos atrás”, apontou.  

 VIVENDO E APRENDENDO

A comerciante comentou que tinha muita pressa em se transformar, queria colocar prótese e começar o tratamento hormonal. Mas no meio do caminho se envolveu com drogas, foi parar nas ruas e entrou no mundo da prostituição. 

Reunindo muita força de vontade, oração e fé, Ellyn conseguiu se livrar das drogas e do submundo da prostituição. 

“Passei por momentos muito difíceis, com drogas e prostituição. Quando conheci as drogas fiquei uns quatro anos nessa vida, nas ruas de Araraquara e Campinas. Mas procurei Deus dentro de mim e busquei forças dentro de mim. Com muita oração e fé, eu consegui me reerguer”, recordou.  

RESPEITO E ACEITAÇÃO

Amigos e familiares foram acompanhando a sua transformação, mas não compreendiam o que era ser uma mulher trans. Mas, aos poucos,  veio a aceitação e o entendimento. 

Para ela, nada é pior do que errar o pronome feminino, e uma amiga custou a respeitar o seu nome social. Ellyn disse que a “educou” na mesma moeda. 

“Uma amiga me chamava pelo nome masculino, e eu sempre rebatia e insistia para me chamar pelo meu nome. Até que comecei a tratar como se fosse um homem. Ela parou imediatamente de errar meu nome”, recordou. 

E reforçou: “É “A” Ellyn, qual é o problema de me chamar pelo que sou? Eu me aceito e sou assim. Cada um que lide com seus bloqueios “.  

ELLYN TOP

Em 2018, “Ellyn Top” – como é conhecida no meio drag – ganhou o Miss Trans Araraquara, e se sentiu realizada. Ela sempre participa de eventos voltados para comunidade queer de Araraquara: parada LGBT, desfiles e shows de drag queen.

Ellyn frisou que as pessoas aos poucos estão mudando de mentalidade e respeitando as mulheres trans.

“Eu simplesmente vivo. Fico cansada de ter que explicar a minha existência, héteros nos veem como símbolos sexuais. Eu louvo as pessoas que levantam as bandeiras, se posicionam porque eu aprendo sempre com a comunidade LGBT”, conclui. 

 

Ellyn Top: shows e performances fazem parte da vida da araraquarense (Foto: Amanda Rocha)

 

 

DETERMINAÇÃO E SUPERAÇÃO

De volta em Araraquara e já casada, ela começou a trabalhar com telemarketing até abrir o próprio comércio. 

Com as receitas que aprendeu com os avós em um carrinho de lanche no Cecap, Ellyn colocou em prática as suas habilidades culinárias no “Cantinho do Português”, lanchonete que administra com seu marido Pedro há sete anos. 

“Queria abrir meu próprio comércio, pensei em trabalhar com roupas mas acabei na área da comida porque aprendi com meus avós”, contou. 

Para ela, hoje em dia o mercado de trabalho está mais flexível para contratação de LGBTQIA+, embora ainda não ideal. 

“Hoje vejo que existem mais possibilidades no mercado de trabalho para nós, antigamente, eu tive que parar de estudar e fui me prostituir para conseguir as próteses etc. Mas ainda é bem difícil e existem barreiras e bloqueios para a comunidade de trans”, pontuou. 

Com a pandemia, a lanchonete passou a atender delivery e faz entregas gratuitas no centro da cidade. 

“Tivemos que nos reinventar, sempre estou atenta ao que os clientes gostam e nosso cardápio é focado em lanches diferenciados e de muita qualidade”, disse.  



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