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CotidianoDa roça ao prato: o dia a dia dos feirantes de Araraquara

Da roça ao prato: o dia a dia dos feirantes de Araraquara

Dia do Feirante é comemorado nesta quinta-feira (25); produtores da cidade comentam o dia a dia da cidade profissional

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Casal Jairo e Thaline vendem seus produtos no Terminal de Integração em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)
Casal Jairo e Thaline vendem seus produtos no Terminal de Integração em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

 

 

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Quem passa pelo Terminal de Integração de Araraquara sempre se depara com barracas de verduras, legumes e frutas frescas diariamente. 

No dia do feirante, comemorado nesta quinta-feira (25), a reportagem conversou com alguns feirantes do local. Todos são cadastrados na Feira do Produtor Rural de Araraquara.

A data é uma homenagem aos profissionais brasileiros e referência a primeira feira livre implantada no país. 

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ROTINA
Antes de o sol nascer, por volta das 4h da manhã, os feirantes já estão montando as suas bancas. A rotina é puxada, mas é de onde vem o sustento de muitas famílias dos assentamentos da cidade. 

Ali, famílias de produtores rurais levam o melhor de suas plantações até o consumidor, que apesar de apressado para não perder o ônibus, não resiste e acaba comprando alguma “verdurinha”.

O casal Thaline Gabriele, 18 anos, e Jairo Mendes Boiago, 24 anos, fazem parte da nova geração da família de feirantes Boiago, do Assentamento Monte Alegre de Araraquara.

A roça é o que sustenta o núcleo familiar Boiago. Duas irmãs também fazem feiras na região, eles têm bancas em Américo Brasiliense e em Matão. 

“Minha família é de produtores rurais, meus pais fazem feira há mais de 10 anos na praça Pedro de Toledo. Eu cresci na terra, e tudo o que produzimos no sítio vendemos nas feiras”, disse. 

Os principais produtos de Jairo são o tomate, a cenoura, o pepino, quiabo e maxixe, mas o carro forte são as verduras, como alface, cheiro verde, rúcula e couve. 

 

Jovem casal faz parte da nova geração de feirantes da família Boiago (Foto: Amanda Rocha) 
Jovem casal faz parte da nova geração de feirantes da família Boiago (Foto: Amanda Rocha) 

 

LABUTA
“Viemos uma vez por semana, e às 4 horas já estamos aqui. Assim que abre o portão já começamos a montar, e assim que começam a descer os primeiros passageiros dos ónibus começam as vendas, é bastante serviço”, contou. 

Em cada feira que realizam, eles trabalham cerca de 12h, e geralmente em pé o tempo todo. 

“Não paramos porque há movimento o dia todo, tenho uma banca de 10 metros em Américo, então é uma correria pra lá e pra cá. Produzir e ser feirante é cansativo, mas tudo o que temos vem da renda do sítio”, apontou Jairo. 

A mãe de Jairo, dona Luciene Mendes também faz feira em frente ao Palacete das Rosas, no centro da cidade, e a família se divide durante a semana nos espaços destinados aos feirantes. 

A cliente Maria de Fátima é só elogio para as verduras e legumes dos produtores. 

“Sempre compro verduras no terminal porque são frescas, é o melhor lugar de Araraquara”, avaliou.

 PRODUTORES UNIDOS
Segundo Jairo, os produtores rurais são unidos e sempre se ajudam quando precisam vender um produto para não perder, por exemplo. 

“Temos um grupo do produtor rural no zap, nos falamos sempre porque às vezes um de nós tem uma caixa de tomate que precisa vender para não perder. A gente é unido porque sabemos que é difícil esse ramo”, apontou. 

O produtor disse que apesar da rotina cansativa não trocaria a profissão e o sítio por nada. 

“Lá é o meu lugar, não troco por nada. Nasci e fui criado no assentamento. Dormimos cedo, trabalhamos na roça, carpimos, faço isso desde pequeno”, disse.

MINHA ROÇA QUERIDA
A produtora rural Fátima Dias Bueno, tem 54 anos, é assentada do Bela Vista e faz feiras em Araraquara há mais de 15 anos. 

Casada,  criou cinco filhos e contou orgulhosa que dois deles se formaram com a renda vinda da roça. Um filho é psicólogo e a outra é professora. 

“Ser feirante é tudo na minha vida, eu já fui comerciante mas consegui uma terra no assentamento Bela Vista através do Movimento Sem terra e toda vida fui da roça. Criei meus cinco filhos com a roça, fazendo feira. Dois estão formados e paguei até a pós de um deles”, contou. 

Mas o começo não foi fácil. Dona Fátima disse que até chorava porque não tinha muito o que colher no início. 

“Começamos a vender de pouquinho, eu até chorava de medo porque tinha pouca produção no começo. Não tinha balança e nem carro bom para fazer feira”, lembrou.   

 

Dona Fátima faz feiras há mais de 15 anos em Araraquara:
Dona Fátima faz feiras há mais de 15 anos em Araraquara: “Minha vida é a roça” (Foto: Amanda Rocha) 

 

O forte da roça dela é a variedade de bananas, manga e verduras diversas. 

Agora, ela se prepara para a aposentadoria, que deve sair no final deste ano. Porém, não sabe se vai conseguir ficar longe dos clientes e do ritmo das feiras. 

“Eu devo me aposentar no final do ano, mas não sei se vou conseguir parar de fazer feira, porque a gente está em um ritmo e acostuma a ver gente e a conversar. Ficar em casa longe, no mato,  onde não passa carro e ninguém… não sei se vou conseguir”, refletiu.

 

 

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