A bandeira do movimento trans foi hasteada pela primeira vez na Câmara Municipal de Araraquara, nesta sexta-feira (29), no Dia da Visibilidade Trans.
O ato simbólico foi realizado pela vereadora transexual, Filipa Bruneli (PT). Ela é a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira no legislativo de Araraquara.
Para a vereadora, o momento é de representatividade nos espaços públicos e de empoderamento da minoria política trans.
“Pela primeira vez na história da Câmara municipal, hasteamos a bandeira junto com as bandeiras oficiais do município. Para nós, é um momento muito importante, quem vem de uma minoria política sabe do que estou falando que é o empoderamento e ocupação desses espaços.”, disse em transmissão feita por live em uma rede social.
“Temos essa representação dentro desse espaço, mostrando que não vamos compactuar com as opressões, omissões e principalmente com as concepções da velha política”, completou.
GUARDA CHUVA DE LETRINHAS
A assessora especial de políticas públicas LGBTQIA+ de Araraquara, Erika Matheus Silva dos Santos, explica que a data deve ser celebrada todos os dias.
Segundo o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Em 2020, foram 175 assassinatos no país contra pessoas do gênero feminino, em contraposição ao gênero no nascimento. As travestis e mulheres trans negras são as maiores vítimas.
Outro dado alarmante é a estimativa média de vida dessas pessoas: de 35 anos. A expectativa média do brasileiro (a) é de 76 anos.
A Associação enfatiza que não há dados governamentais e subnotificação da violência contra essa população.
“A visibilidade não se insere só no dia de hoje, mas sim todos os dias, o país é o campeão mundial em assassinato de pessoas transexuais. A sociedade tem soma e parte nisso, porque infelizmente um preconceito não é extinguido sem a ajuda do resto da sociedade. Então, essa luta e reivindicação por voz e por espaços com nossa narrativa é importante, precisamos do direito básico que é o direito de viver”, reforça a assessora.
Érika é um exemplo de mulher trans. Ela nasceu com o gênero masculino, mas nunca se identificou com o sexo biológico. “Portanto sou uma mulher trans”, enfatiza.
“A letra T dentro da sigla LGBT significa transgênero. O transexual é um transgênero, que não se identifica como o gênero biológico. Existe ainda a pessoa transgênero não binária, que é aquela que se identifica como homem ou como mulher ao mesmo tempo, ou de maneira fluída”, explica.
Erika lembra ainda das travestis. “Em tese, é a mesma coisa que a mulher trans. A diferença é a politização do termo, que comumente foi designado como a pessoa que está na prostituição ou o homem que se veste como mulher e não é assim, é do gênero feminino e portanto uma mulher”, pontua.