O novo diretor-geral da Santa Casa de Araraquara Delorges Mano garantiu que as contas do hospital são administráveis e que é possível buscar o equilíbrio financeiro a médio e longo prazo. O balanço dos 20 primeiros dias de gestão e os desafios para o futuro da instituição foram abordados em entrevista concedida ao acidade on, na manhã desta quarta-feira (21).
“É uma conta controlada. Hoje, as contas estão administradas e estamos negociando. É lógico que tem uma dívida que estamos negociando, conversando, mas atrasos com bancos, por exemplo, não temos”, afirmou.
O relatório sobre a intervenção da secretaria municipal de Saúde na Santa Casa de Araraquara apontou que o hospital possui uma dívida de aproximadamente R$90 milhões, sendo que 74% deste valor referem-se a endividamento bancário que estão a vencer.
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Em 20 dias, a nova diretoria renegociou e encerrou contratos, e dialogou com fornecedores para o pagamento de notas em atraso.
Delorges Mano admitiu que a defasagem da Tabela SUS é uma realidade a tabela é a base de cálculo para o pagamento dos procedimentos realizados pelo hospital em pacientes do Sistema Único de Saúde. Ou seja, a Santa Casa não recebe o equivalente as suas despesas e, consequentemente, tem prejuízos.
“A Tabela SUS precisa ser mexida, mas em âmbito nacional. Precisa de um movimento para levar a questão ao ministério da Saúde”, disse.
Outra forma de cortar gastos foi a redução do tempo de permanência no hospital. O novo diretor-geral mencionou que pacientes chegaram a permanecer de dois a três meses internados, o que aumentava os custos da instituição.
“Isso aqui não é empresa para dar lucro. Se eu tenho dinheiro no caixa, eu tenho que suprir as necessidades do hospital”, disse Mano. “[O equilíbrio financeiro é] plenamente possível, mas não será da noite para o dia”, completou.
Segundo ele, uma vez solucionada a desassistência, o maior objetivo do hospital é “sanar os compromissos [financeiros] que foram adquiridos”.
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Como forma de equilibrar as contas, a nova gestão do hospital, além de racionalizar os recursos, destacou a necessidade das emendas parlamentares, através de deputados estaduais e federais, como já tem acontecido.
Após a intervenção da Prefeitura, a Santa Casa elegeu 20 novos membros, como os ex-prefeitos Marcelo Barbieri (MDB) e Roberto Massafera (PSDB), o presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), Dimas Eduardo Ramalho, e o presidente da Câmara, Aluísio Braz, o Boi (MDB).
“Tem que buscar emenda. O SUS manda um dinheiro importante, mas que não supre a demanda”, avaliou Delorges Mano. “Eles estão trabalhando também na busca de recursos, de investimentos, e isso é de suma importância […] é importantíssimo essa pluralidade, é salutar”, completou.
O vice-provedor da Santa Casa, Marcos Daniel, destacou ainda que o hospital está estruturando a captação de recursos, e que a “lição de casa” é dar transparência para as contas da instituição.
“Estamos trabalhando com novo site, com portal da transparência. Nós achamos que ainda faltava muita coisa, muita informação. Então, em breve, vamos inaugurar esse novo site, com acesso ao portal com mais facilidade”, garantiu Daniel.
SUS É PRIORIDADE
Sobre o plano de saúde da Santa Casa, a nova diretoria informou que conta com 9 mil conveniados, e que as mensalidades ajudam a custear o atendimento SUS.
Porém, no entendimento de Delorges Mano, o particular não pode se sobrepor ao compromisso social do hospital. “É um hospital filantrópico. Os planos são bem-vindos, mas a gente tem que dar assistência para o nosso pessoal SUS, de forma digna”.
AVANÇOS
O novo diretor geral garantiu que algumas metas já foram alcançadas, como o fim das cirurgias de urgência e emergência que estavam represadas, e o retorno das cirurgias eletivas, como oftalmológicas, ortopédicas e gerais.
O hospital também conseguiu o credenciamento de novos leitos junto ao ministério da Saúde.
Até agosto, o hospital deve ter 10 novos leitos de enfermaria em operação, sendo que seis já foram reabertos nesta semana. Além de seis novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), somados a outros quatro que já estão funcionando.
“A gente procurou reestabelecer o serviço de saúde, acabar com as filas nos corredores, não deixar faltar remédio e negociar com fornecedores, porque havia fornecedor que não queria mais fornecer remédio para a Santa Casa e este foi um trabalho árduo”, destacou o vice-provedor.
Delorges Mano ressaltou ainda que a falta de medicamento foi descartada e “hoje é uma questão superada”.
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