Aproximadamente duas mil famílias esperam pelo Auxílio Brasil, em Araraquara. O programa criado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) substituiu o Bolsa Família e paga por mês R$400 por família cadastrada.
Segundo a secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, este é o número de famílias elegíveis ao programa, inscritas no Cadastro Único (Cadúnico), e que aguardam para serem inseridas. Outras 7,1 mil famílias já são atendidas.
Em todo o Brasil, de acordo com 2º Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, mais de 33 milhões de pessoas passam fome.
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A prefeitura de Araraquara explicou que tem a responsabilidade de inscrever as famílias, mas que a inserção no Auxílio Brasil e a liberação dos recursos são atribuição do governo federal.
Para o pesquisador e mestre em ciências sociais pela Unesp de Araraquara Guilherme Floriano, a reformulação do programa tirou parte da autonomia dos municípios.
“Por exemplo, o município tinha acesso ao Cadastro Único e conseguia fazer alterações de dados, inscrição de novos membros da família, mudança de renda e de endereço, mas durante o ano de 2020 e metade de 2021, o sistema ficou travado por causa do Auxílio Emergencial. Então, uma família que tinha alguma irregularidade no cadastro um pouco antes da pandemia, ficou travada [ou seja, sem o auxílio]”, explicou.
De acordo com o especialista, a descontinuidade do Auxílio Emergencial, antes da retomada da economia, também contribuiu com o crescimento da fome no Brasil.
“Essas pessoas ficaram sem o Auxilio Emergencial que era uma renda mais substancial. Então, o começo da volta da fome começa neste rompimento da autonomia do município em mexer no Cadastro Único”, concluiu.
A dona de casa Camila de Almeida é líder religiosa e ao lado do esposo realiza trabalho voluntário com famílias em situação de vulnerabilidade social. Ela contou que algumas delas relataram ter comido ração de animal por conta da fome.
Segundo a líder religiosa, parte do seu trabalho também é tentar entregar para as famílias mantimentos que vão além da cesta básica, como frango, ovos e iogurtes.
“É triste porque a gente vê algumas situações que nem imagina, acaba se deparando com situações bastante complicadas, bastante tristes”, disse. “Então, a sempre está correndo atrás para fazer o melhor”, completou.
O governo federal chegou a afirmar que havia acabado com a fila para inclusão de novos beneficiários no Auxílio Brasil. Agora, justificou que trabalha para que isso aconteça até o fim deste ano.
Procurado pela reportagem, o ministério da Cidadania não se manifestou sobre o assunto.
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