Uma semana. Este é o tempo que a empresa responsável pela limpeza urbana de Araraquara levaria no modelo antigo para fazer a coleta de todo o lixo domiciliar que deixou de ser retirado das ruas com a mudança de trabalho dos coletores. Somente na última terça-feira (15), foram 190 toneladas.
A empresa explica que não houve paralisação e que o serviço continua sendo prestado, mas que os coletores não conseguem recolher metade do lixo, que acaba se acumulando nas lixeiras por diversos bairros da cidade.
Cada equipe é composta por um caminhão e dois coletores. Ao todo, são 10 veículos e 20 trabalhadores. A estrutura, no entanto, é insuficiente.
“O serviço está sendo feito de acordo com que a gente dá conta”, afirma Deijane da Conceição, representante da Urban Serviços e Transportes. “Todo dia, está ficando metade [do lixo] para trás porque não tem tempo hábil [para coleta]”, completa.
Segundo ele, mesmo aumentando a equipe, não seria suficiente para atender a demanda de serviço. “Nós também teríamos um custo para ampliar a estrutura e precisamos obedecer ao contrato. Mas, mesmo que fosse possível dobrar a equipe, não iria adiantar”, avalia.
IMPASSE
Na última terça-feira (15), o DAAE voltou a adotar o modelo em que os coletores de lixo não são transportados em estribos, na parte traseira dos caminhões. A medida atende decisão da Justiça, a pedido do Ministério Público do Trabalho, que apontou riscos de acidentes.
O responsável pela empresa explica que não existe um modelo imposto, desde que não haja a plataforma de descanso. Por conta desta mudança, os coletores fazem o trabalho na maior parte do tempo a pé.
“Eles tinham uma rotina de descer, correr, descansar. Ficando diferente disto, sai da rotina, fica cansativo”, afirma Deijane. “A gente está tentando atender a mudança e fazer pelo menos o mínimo, dando o nosso melhor”, completa.
Os trabalhadores, segundo ele, têm relatado cansaço e também constrangimento. Três coletores que nunca tinham faltado, inclusive, se afastaram do trabalho.
“Um deles me disse ontem (16) que não é amador, é profissional, sabe trabalhar e que só quer trabalhar”, conta. “Só de não paralisar a coleta já é uma vitória, mas a população precisa ter paciência porque a gente não tem culpa”, finaliza.
REUNIÃO
Nesta quinta-feira (17), o sindicato que representa a categoria e o Ministério Público do Trabalho (MPT) se reúne para discutir uma alternativa ao modelo de trabalho dos coletores de lixo.
Na última quarta-feira (16), a prefeitura emitiu um comunicado dizendo que a situação é preocupante e começa a colocar em risco a saúde pública. “O município espera a audiência entre o sindicato da categoria e o Ministério Público do Trabalho para que uma solução seja construída e a limpeza pública retome a normalidade”.