Mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos de idade, a endometriose afeta pelo menos 10% da população feminina brasileira, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e pode chegar a 15% entre as mulheres de todo o mundo. Nesta sexta-feira (7), celebra-se o Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose, com o objetivo de promover a conscientização sobre a doença e seus tratamentos.
De acordo com a ginecologista e obstetra Tatiana Provasi Marchesi, a endometriose corresponde a um distúrbio no tecido que normalmente reveste o útero por dentro chamado endométrio que passa a se reproduzir também nos ovários, nas tubas uterinas, na cavidade pélvica, em geral, e até no intestino.
Em alguns casos, as mulheres que desenvolvem essa condição podem ser assintomáticas, mas o principal sinal da presença da doença é justamente a cólica menstrual intensa e, geralmente, de caráter progressivo ao longo da vida.
“Extremamente comum no público feminino, a endometriose começa lá na adolescência e piora ao longo dos anos, gerando prejuízo na qualidade de vida e incapacitando a mulher de exercer as atividades diárias, já que dificilmente as dores melhoram com medicações”, explica.
Além da dor intensa no período menstrual, a ginecologista explica que a endometriose também pode gerar incômodo durante a relação sexual, alterações intestinais e urinárias e, em até 50% dos casos, a infertilidade. “Isso pode acontecer porque as células se reproduzem nas tubas e geram uma obstrução, que impede o encontro do espermatozoide com o óvulo”.
Segundo Tatiana, a doença geralmente acomete mulheres que tenham relato em histórico familiar mães, irmãs e parentes de primeiro grau, mas também pode se manifestar com a queda da imunidade, estresse crônico, ansiedade, entre outros transtornos emocionais.
TRATAMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO
Para dar início ao tratamento, a ginecologista explica que é necessário um mapeamento através de uma anamnese detalhada, história clínica da paciente, análise de suas queixas, exame físico para a procura de nódulos na vagina e/ou reto, exames de imagem com equipe especializada e com experiência na doença, entre outros métodos que podem ser solicitados.
“A partir disso, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico a depender da extensão e da gravidade. Atualmente, dois terços das pacientes se beneficiam com o tratamento clínico medicamentoso, que é basicamente feito com anticoncepcionais combinados ou apenas de progestógenos, o DIU de progesterona e tudo que suspenda a menstruação para que a paciente tenha melhora na qualidade de vida e nos sintomas de dor”, explica.
Já os casos que não apresentam melhora com tratamento clínico são tratados através de uma cirurgia por vídeo, chamada de videolaparoscopia, que avalia a cavidade pélvica, localiza os implantes de endometriose e faz a ressecção. Contudo, para algumas pacientes, é possível que nenhum dos tratamentos seja 100% eficaz.
Para Tatiana, a importância de estipular uma data especial para a luta contra a endometriose é a possibilidade de conscientização sobre a prevalência da doença entre o público feminino, como uma condição que afeta drasticamente a qualidade de vida, relações sexuais e o desejo reprodutivo dessas mulheres.
“O diagnóstico precoce da doença permite um tratamento mais efetivo, melhorando a qualidade de vida dessa mulher. É importante destacar que isso será feito de forma multidisciplinar e pode envolver ginecologista, radiologista, psicoterapia devido ao transtorno que isso pode causar na vida da paciente, nutricionista para ajudar em uma dieta anti-inflamatória, e até educadores físicos”, diz.