Equipes médicas da Santa Casa de Araraquara estariam com salários atrasados há mais de dois meses e sem qualquer previsão de pagamento por parte do hospital.
Na última quinta-feira (3), a Santa Casa se reuniu com os médicos para explicar a gravidade do momento e apresentar um cronograma de cumprimento dos compromissos firmados.
A explicação, segundo comunicado interno, estaria em atrasos de repasses da prefeitura. Mas, publicamente, a Santa Casa atribuiu a crise a fatores externos, como defasagem da tabela SUS e a inflação.
Por meio de nota, o hospital justificou ainda que a “crise financeira não é exclusividade da Santa Casa de Araraquara, e atinge praticamente todos os hospitais filantrópicos do país”.
O hospital disse que a defasagem da tabela SUS, redução de receitas, a pandemia de covid-19 e a inflação desproporcional de materiais e medicamentos agravaram o cenário atual. “A dipirona, que custava R$ 0,75, agora custa R$ 7,00, quase dez vezes mais”, exemplifica.
REPASSES
A informação de que a raiz do problema estaria na administração municipal foi rebatida pela secretaria municipal de Saúde, que repudiou “toda e qualquer tentativa de imputar à Prefeitura de Araraquara a falta de pagamento de funcionários”.
Por meio de nota, a secretaria disse que “todos os repasses estão em dia”, e que “tudo o que foi contratualizado foi pago integralmente”. Em janeiro, teriam sido repassados ao hospital mais de R$2,7 milhões.
O município também esclareceu que a produção excedente do que foi contratado, o chamado “extra-teto” está sendo “apurada pela equipe técnica financeira e, assim como todos os anos, será liquidado integralmente”. Cerca de R$500 mil, inclusive, já teriam sido pagos neste ano pela prefeitura.
Procurado para comentar o assunto, o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) afirmou que não recebeu qualquer denúncia até o momento. E que, “cumpre seu dever de acolher, apurar e julgar quaisquer infrações éticas cometidas por médicos, no exercício da profissão, assim como averiguar as condições de trabalho oferecidas ao profissional, quando formalmente acionado”.
A Santa Casa finalizou dizendo que “vem sendo sistematicamente informado aos médicos, que estão cientes da situação”, e que “nunca deixou de honrar seus compromissos com médicos, colaboradores e fornecedores”.