“O que me motiva diariamente é acreditar no ser humano”, afirma a secretária municipal de Saúde de Araraquara Eliana Honain, que está à frente do Comitê de Contingência do Coronavírus há nove meses.
Sem dar trégua, os casos de covid-19 voltaram a subir no mês de dezembro e janeiro, depois de três meses de queda e estabilidades. Em entrevista ao Manhã CBN, a secretária conta que não esperava que a pandemia fosse se arrastar por tanto tempo. O comitê foi criado em 16 de março e a expectativa era de que o trabalho fosse ser necessário por poucas semanas.
“Nós acreditávamos que teríamos o pico da doença em até um mês [após a criação do Comitê] e chegaríamos entre julho e agosto com uma situação muito mais controlada, mas não foi isso que ocorreu”, lembra. “Houve uma intensificação, a partir de julho, com crescimento de casos e crescimento considerável de óbitos”, conclui.
De março a agosto, houve crescimento nos caso e mortes por covid-19, em Araraquara, no que se acreditava ser o pico da doença. De setembro a novembro, os números não apresentaram mais elevação.
Por outro lado, a cidade registrou aumento no número de mortes. Setembro e outubro foram os dois meses com mais vidas perdidas 17 cada.
Diante de um cenário que não projeta queda e controle, Eliana Honain explica que o maior desafio, além de sensibilizar a população, é manter os profissionais da saúde motivados.
“Nosso primeiro desafio foi encontrar a maneira correta de conduzir todo processo de forma homogênea em relação ao atendimento em toda cidade”, lembra. “O segundo, que ainda perdura, é manter as equipes de saúde saudáveis. Nos preocupa muito o cansaço, desgaste”, avalia.
Além dos números crescentes, falta conscientização. Festas clandestinas, bares funcionando sem respeitar as normas sanitárias, reuniões familiares, falta de distanciamento social e do cumprimento das regras sanitárias ainda são um problema.
Mesmo com trabalho de “formiguinha” e, muitas vezes, “enxugando gelo”, a secretária municipal de Saúde afirma acreditar na capacidade de mudança e de compreensão do ser humano. “Eu, como profissional da saúde, que escolhi a militância pelo SUS [Sistema Único de Saúde], na qual eu acredito e batalho, devo acreditar na capacidade do ser humano de compreender, aceitar e mudar”, justifica.
“Este é o maior desafio da minha vida, maior missão que Deus me deu: me colocar neste lugar, neste momento. Por isso não vou desistir do ser humano”, fala. “Por isso, peço muita luz e sabedoria para conduzir a secretaria de Saúde”, conclui.
Neste sábado (2), Araraquara confirmou mais 57 casos positivos e uma morte em decorrência da doença. Agora são 8428 casos, incluindo 93 vidas perdidas. “E uma grande tristeza ter que anunciar óbitos, nos deixa muito tristes e com aquele sentimento de que falhamos mais uma vez”, lamenta a secretária.
A frente do Comitê, Eliana Honain tem ainda a responsabilidade de gerir a pasta como um todo. Uma rotina árdua, que vai desde o boletim extraordinário diariamente às 7h aos despachos internos da pasta.
“Minha rotina é de segunda a domingo, com dedicação exclusiva. Faz parte do meu papel, da minha responsabilidade”, justifica. “Todos os dias, temos de 2 a 3 horas para discutir questões relacionadas à pandemia. Depois tenho outras responsabilidades dentro da secretaria, mas tenho uma equipe que me auxilia muito”, lembra.
Para este ano de 2021, a secretária avalia que uma das preocupações é com a estabilização dos casos de pandemia e com a organização da vacinação. Além da pandemia, Eliana enxerga como um desafio levar a atenção básica para 100% da cidade hoje está em 73%.