O amor acompanhou todo o tempo em que a cachorrinha Catarina fez parte da vida da Rose Marli Fais, de 65 anos, desde quando foi resgatada das ruas até às últimas homenagens.
A cachorrinha estava debilitada pela idade avançada e morreu em janeiro deste ano. “Foi amor à primeira vista. Eu a amava demais e quando ela se foi um pedaço de mim foi junto”, disse a tutora.
Este amor também esteve presente na despedida. A Catarina foi velada e cremada pela única funerária que oferece este serviço em Araraquara.
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“Eu quero um diferencial para os meus bichinhos, meus filhinhos de quatro patas. Foi muita bonita a homenagem”, concluiu.
Todos os pets da Rose fazem parte de um plano funerário. Além da Catarina, a gatinha Gabi Maria que morreu em junho também recebeu o mesmo tratamento.
Esta preocupação pelos animais domésticos tem levado muitas famílias a procurar por este tipo serviço, que incluiu velório, cremação e homenagens.
“Muitas famílias optam por não ter mais filhos e acabam tendo os pets, os filhos de quatro patas. O pet cada dia mais se torna um membro da família, que temos que cuidar”, avaliou o proprietário do Grupo Sinsef, Syndval Walney Salvador.
Há quatro anos, a funerária passou a oferecer planos para animais domésticos. Atualmente, são mais de 2 mil pets protegidos.
Segundo a funerária, entre dois e três velórios são realizados todas as semanas, a um custo inicial de R$1,5 mil. “Esta é a forma mais carinhosa e respeitosa, é uma prova de amor eterno, nós eternizamos o pet com a pessoa”, concluiu o empresário.
Foi o que fez recentemente, a bióloga, Laís Simões Sampaio, 33. Em cinco meses, ela se despediu dos cachorrinhos Spike e Pingo, respectivamente, de 15 e 17 anos.
“A gente cuidou deles a vida inteira, como se fossem parte da família, membro da família e, agora, no final, fizemos algo digno. Então, optamos pela cremação”, explicou.
Além da cerimônia, as famílias recebem ainda lembranças dos pets, como joias confeccionadas com resina e com o pelo dos bichinhos que são entregues aos tutores.
O cãozinho Kenji fez parte da vida da Aline Adrien Fer, 40, por 10 anos. Ele nasceu com hidrocefalia congênita e ultrapassou todas as expectativas dos veterinários.
“Foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida poder cuidar de um animalzinho especial. Ele me transformou em uma pessoa muito mais forte, resiliente”, disse.
A Aline explicou que tomou a decisão de fazer um plano funenário para o pet há dois anos e, hoje, outros três bichinhos dela também estão protegidos.
“Faz parte do luto este momento do velório. Era tudo o que o Kenji merecia e não teria outra forma de fazer esta homenagem”, contou a tutora.
Além de cachorros e gatos, a funerária já velou hamsters e até iguana.
A Stephanie Heisi Dias Salvador é cerimonialista de luto. Ela lembrou que a funerária passou a oferecer o serviço quando perdeu um cachorrinho e nenhum outro local oferecia o velório para a despedida.
Segundo ela, a homenagem faz toda a diferença. “Eu falo por experiência própria porque há 2 meses perdi outro cachorrinho”, disse. “Trazer toda esta lembrança no nosso coração faz uma diferença imensa. Hoje elas ficam em casa, no meu quarto e isto traz um conforto e uma lembrança”, completou.
Para a psicóloga Naiara Mariotto, existe um apego emocional muito grande entre os tutores e os animais, além de carência afetiva. “O bichinho não sente raiva, angústia, tristeza com o seu comportamento, então, não reflete como ocorre no comportamento humano”, explicou.
“Às vezes aquele casal que não tem filho, adota o bichinho, e tenta transferir todo aquele amor, zelo, companheirismo, que talvez, na cabeça deles, poderiam ser transferidos para um filho”, completou.
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