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Cotidiano“Festas literárias são focos de resistência”, diz Ignácio de Loyola Brandão

“Festas literárias são focos de resistência”, diz Ignácio de Loyola Brandão

Escritor araraquarense foi o grande homenageado da 1ª Festa Literária da Morada do Sol 
 

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Escritor araraquarense Ignácio Loyola Brandão foi o grande homenageado da FliSol (Foto: Amanda Rocha)
Escritor araraquarense Ignácio Loyola Brandão foi o grande homenageado da FliSol (Foto: Amanda Rocha)

 

Uma grande celebração cultural, de amizade e de posicionamento político. Assim foi o aguardado bate-papo com os ilustres da casa, Ignácio Loyola Brandão  e Zé Celso Martinez Correa, na abertura da 1ª Festa Literária da Morada do Sol (FliSol), na noite de sexta-feira (04), em Araraquara. 

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O escritor araraquarense Ignácio Loyola Brandão foi o grande homenageado da FliSol e teve como convidado o  seu “amigo de infância”, o também araraquarense e diretor Zé Celso, e, por mais de uma hora conversaram sobre diferentes assuntos e rumos do país.  

Para o escritor, as festas literárias são focos de resistência e necessárias para o diálogo democrático. 

“Uma festa literária é um foco de resistência porque as pessoas vêm e expõem a sua ideologia e o seu pensamento. É um lugar democrático, em que você fala de política, de literatura, de tudo”, pontuou o escritor. 

Os dois estavam aliviados com o resultado da eleição presidencial, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva para presidente do Brasil. 

“Nos últimos quatro anos vimos uma repressão total à cultura, ao ensino, às universidades e à ciência. Tanto que acabamos sem ministério da Cultura. Cada Festa literária, como a Flisol, é um pequeno ponto para abrir os olhos e cabeças das pessoas”, refletiu Loyola Brandão. 

Para Zé Celso, no governo do presidente eleito Lula, um Ministério Indígena deverá ser formado. 

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“Lula deve fazer um ministério onde devem ser convidados os grandes intelectuais indígenas que pensam completamente diferente de nós. Cultura indígena e negra não podem faltar na cultura do Brasil, precisamos misturar”, apontou. 

 

Zé Celso e Ignácio Loyola Brandão são amigos de infância (Foto: Amanda Rocha)
Zé Celso e Ignácio Loyola Brandão são amigos de infância (Foto: Amanda Rocha)

FESTAS LITERÁRIAS E DITATURA
Brandão frisou que as Festas e feiras literárias começaram no Brasil nos anos 70, como movimentos de resistência frente à ditadura do país. 

Zé Celso chegou a ser torturado na ditadura, e apesar das agruras, decidiu acreditar na humanidade.

 O diretor é um ícone contracultural do país e através do Teatro Oficina revolucionou a arte cênica brasileira. 

“Eu já levei choque no pau de arara, maior crime que se pode fazer, e eu decidi ser gente. A humanidade é a coisa mais linda que existe”, refletiu. 

 

 

O diretor araraquarense Zé Celso enfrentou o pau de arara na ditadura (Foto: Amanda Rocha)
O diretor araraquarense Zé Celso enfrentou o pau de arara na ditadura (Foto: Amanda Rocha)

A ÁGUA DE ARACOARA
Sempre questionados sobre a potência criativa de Araraquara, os dois tem explicações interessantes sobre o tema. 

O diretor Zé Celso versou sobre a origem indígena do nome de Araraquara e de sua própria família paterna.  Araraquara vem do tupi-guarani e significa Morada do Sol. 

“Minha avó paterna era indígena e eles falavam Aracoara, que significa Morada do Sol. O nome de Araraquara é de origem indígena,  e eu pergunto “Onde estão os índios de Araraquara? To be tupi or not to be?”, refletiu. 

Loyola Brandão apontou que a “culpa” é da água da cidade.

“Eu acho que deve ser a água da cidade que fez a gente ser assim, você vê agora a Liniker, a primeira trans a sair na capa da Vogue. A revista é super sofisticada, e eu sei porque dirigi a Vogue por 15 anos. E Mário de Andrade escreveu aqui Macunaíma, o gravurista Lívio Abramo, temos grandes músicos, Judith Lauand, Careca, Rosa Branca. Então eu acho que é a água”, riu. 

Na juventude, os dois amigos passaram por poucas e boas na cidade e decidiram se mudar para São Paulo. 

“Nós sentíamos muita opressão aqui e talvez todos sintam isso em diferentes gerações, porque a cidade é conservadora e quase reacionária. Talvez isso nos sufocava e a gente caía fora”, apontou Brandão. 

E emendou: “O Zé Celso inclusive foi processado pelo padre daqui, somos os páreas de Araraquara que conseguiram fazer alguma coisa. Sempre fizemos nossas carreiras juntos, ele no teatro e eu na literatura’, apontou. 

 

 

AMIGOS DE INFÂNCIA
A mãe de Ignácio e de Zé Celso eram amigas e catequistas. A diferença de idade entre eles é de um ano. Zé Celso tem 85 e Ignácio, 86 anos.

“Nós temos praticamente a mesma idade, começamos juntos aqui, minha mãe e a dele eram amigas e catequistas… e imagina os filhos que deram.  Estudamos juntos no colégio Progresso e depois no Eeba”, lembrou o escritor. 

Em São Paulo, os dois moraram juntos em uma pensão. Depois de um tempo brigaram, reataram e continuam até hoje a amizade de trincheira cultural. 

“Sempre invejei as peças dele, tinha que correr atrás dele para acompanhar. Eu vou escrevendo meus livrinhos e ele as peças. Uma vez brigamos não lembro porque, depois conciliamos. Tenho muito carinho”, contou Ignácio. 

RECONHECIMENTO
O escritor recordou que no início de sua carreira quase ninguém ia aos lançamentos de livro em Araraquara. 

“Durante anos, quando vinha lançar livro em Araraquara, não ia ninguém, ia seis ou sete pessoas e meus parentes. Demorou para entenderem quem eu era e minha carreira”, lembrou. 

“Foi o Roberto Massafera que me chamou uma vez para fazer um lançamento no Teatro Municipal, tinha mil pessoas, ele comprou todos os meus livros para escolas e região, e aí deu uma mudada e começaram a me aceitar. Ser homenageado em Araraquara é diferente e especial, porque sempre tive dificuldade aqui”, disse.

 

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