Paixão nacional, tema de música, filme e de muitas histórias, o Fusca comemora nesta quinta-feira (20) mais de seis décadas de fabricação no Brasil.
Embora tenha sido lançado em 1935 pelo alemão Ferdinand Porsche, no Brasil o famoso veículo começou a rodar em 1959. Criado para ser um veículo popular, o Fuscão encanta crianças, motoristas e colecionadores.
Em Araraquara, várias cores e modelos do Fuscão são vistos pelas ruas, um reflexo do fascínio que o carro exerce de geração em geração.
COMBUSTÍVEL FAMILIAR
O interesse pelo fusca começou ainda na infância do empresário araraquarense Daniel Duarte, 41 anos. Ele contou que seu pai tinha um carro quando era criança e jamais se esqueceu.
Aos 30 anos decidiu comprar um Fuscão 1500 com a esposa Josiane Duarte, outra apaixonada pelo carro.
“Não pensamos duas vezes. Resolvemos aumentar nossa família com um Fuscão 1500 do ano de 1973. Para mim, o Fuscão não é só um veículo de coleção, mas um parceiro dos finais de semana para momentos de aventura e alegria”, comentou Daniel.
O aposentado Alício Torres Junior, 73 anos, é outro fã do Fusquinha. E a paixão também veio do pai e do avô.
“A paixão por fusca vem de pai para filho, com meu pai e avô aprendi a gostar e a andar de carro. Nunca esqueci. Com o passar do tempo tive condições e decidi colecionar porque sempre foi uma paixão”, contou.
Ele tem dois Fuscas em perfeito estado: um vermelho conversível e um modelo de 1995, o famoso “Itamar”, um dos últimos a serem fabricados no país.
O nome “Fusca Itamar” é em referência ao presidente do Brasil na época, Itamar Franco, que fechou negócio com a Volkswagen para voltar a produzir o carro em território nacional. Nos anos 80, a linha tinha sido suspensa por estar obsoleta.
CARROS DE EXPOSIÇÃO
Os carros do aposentado são itens raros e de exposição. O conversível vermelho foi feito com um funileiro de Araraquara, em um projeto bem elaborado.
“Eu fiz o projeto dele e um funileiro da cidade, louco como eu, fez o projeto junto. O carro ficou perfeito, é um carro para exposição ou para passeios. Não fica exposto pela cidade, não dá para usar no dia a dia”, apontou.
O Fusca “Itamar” também é um carro de exposição e não roda muito no asfalto: ele foi comprado com apenas 3 mil km rodados. Uma relíquia.
MEU AMIGO FUSCA
Para o empresário Daniel, ter um Fusca é significado de amizade, colecionar histórias e curtir os passeios sem pressa. Ele e a esposa Josiane já se aventuraram por várias cidades da região.
“Sempre que as pessoas veem um fusca querem conversar e contar uma história ou uma aventura com esse ancião. Já fomos para São Pedro, Águas de Lindóia, Brotas, Nova Europa, Gavião Peixoto, São Carlos”, lembrou.
Nas viagens, o empresário disse que anda entre 90 e 110 km/h, podendo atingir até 120 km/h tranquilamente.
Para o carro ser mais eficiente nas viagens, ele optou em fazer algumas alterações.
“O nosso carro já era muito próximo do original e as alterações que fizemos foi para alterar o sistema de injeção de combustível para que ele ficasse mais eficiente nas viagens”, contou.
Agora a próxima alteração vai ser deixar o Fuscão conversível: “É o sonho da minha esposa”.
MINI FUSCA
O lendário carro também tem uma versão menor, o mini Fusca. E em Araraquara, o comerciante Carlos Kawakame, 57 anos, é um dos adeptos da versão reduzida.
“Eu já tive vários fuscas, e hoje tenho dois mini fuscas, sou amante de carros antigos em geral”, contou.
Kawakame comprou o mini fusca para lazer, mas depois que adquiriu o segundo carrinho, ele começou a fazer eventos. Aniversários, casamento e passeios com crianças são o mais comum.
O comerciante explicou que o mini carro tem motor chinês Lifan de 115 cc, possui três marchas para frente e uma ré.
“Ele atinge 40 km/h. Os meus adaptei pedais do lado do passageiro para que as crianças pudessem dirigir, com um adulto controlando a velocidade e frenagem”, contou.
O mini veículo é fabricado no Paraná e custa R$ 14 mil.
VALORES
Já o valor de um fusca convencional em ótimo estado é difícil de mensurar. Mas há veículos que valem de R$ 15 a R$ 70 mil ou até mais, dependendo do estado de conservação e originalidade.
O colecionador Alício lembrou que para ser original, o fusca deve ter até 80% das peças originais intactas.
“O preço é difícil estimar, né. Não é um carro que gira em torno de preço de mercado. Depende muito do estado de conservação. Meu fusca é um carro novo, pouco rodado, então tem um preço diferenciado”, explicou o aposentado.
Já Daniel costuma brincar com possíveis compradores. “Costumo dizer não vendo, mas troco por casa em condomínio fechado, sítio ou fazenda, aí descontrai e a pessoa perde o interesse”, concluiu.