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CotidianoGambás e espécies em extinção "migram" para o Parque Infantil

Gambás e espécies em extinção “migram” para o Parque Infantil

Fenômeno aconteceu na pandemia, pois fluxo reduzido de pessoas teria incentivado os animais a procuraram abrigos naturais

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Gambás são vistos com frequência no Parque Infantil na pandemia (Foto: Colaboração Cassiano Simões Ferreira)

Diariamente, o funcionário público Cassiano Simões Ferreira, caminha pelo Parque Infantil e alimenta gatos que vivem no espaço verde da cidade. 

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Mas de uns tempos para cá, ele começou a observar outros moradores no parque: os gambás, também conhecidos como saruês ou marsupiais. 

São desde filhotes a animais mais ‘crescidinhos’ que saem em busca de alimentos e se misturam as pessoas. 

“Com a reforma do parque, creio que o espaço em que eles ficavam está menor e muitos dos brinquedos para as crianças eram moradias dos gambás. Agora eles se misturam com as pessoas, mas todos têm que saber que não devem mexer com eles”, diz. 

Cassiano já presenciou ataques de cães e apedrejamento dos animais silvestres indefesos. Ele acabou resgatando um gambá que estava com um ferimento do ataque e outro saruê com um galho enfiado na pata. 

Nesta semana, ele viu e filmou pela primeira vez uma mãe gambá carregando os seus filhotes em uma das vias do Parque.  

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“Muitas pessoas não conhecem o gambá, não sabem que são inofensivos. Muitos acham que é ratazana. Estou verificando a possibilidade da Prefeitura colocar placas de orientação junto a população, pois acredito que os gambás na área externa correm perigo, principalmente com pessoas de má índole, de cães que estão lá com seus tutores, mas sem a guia”, expõe. 

PANDEMIA CONTRIBUI PARA ‘FENÔMENO’
Na avaliação do biólogo e mestre em Conservação da Fauna, João Henrique Barbosa, devido a pandemia houve diminuição do fluxo de pessoas no local e os animais ficaram mais visíveis para a população. 

“Com a pandemia houve uma redução do fluxo de pessoas, a creche parou de ser utilizada e os animais ficaram mais visíveis para as pessoas, agora eles descem das árvores etc. Isso é extremamente positivo, uma vez que quanto mais diversidade no ambiente mais resiliente ele é”, explica. 

Mas para ele, falta conscientização e esclarecimentos à população sobre as espécies que estão habitando o Parque Infantil.
Segundo o biólogo, já foram vistas coruja orelhuda, uma espécie ameaçada de extinção, e o gavião peregrino, que migra do sul dos Estados Unidos para cá fugindo do inverno extremo. 

Além dessas aves, tucanos são vistos pousando na praça, e vários pássaros como saíra, sanhaços e sabiás. 

“Falta conhecimento da população do que é o gambá, por exemplo. Eles são muito importantes, são uns dos únicos predadores de escorpião, aranha, cobra, comem carrapatos e fazem um controle biológico extremamente importante, ainda mais um local como esse que agora está aberto a todos na pandemia “, reforça. 

PROJETOS EDUCATIVOS E SINALIZAÇÃO
Para o biólogo, mudanças de hábitos, conscientização e projetos de educação ambiental são ideais no momento.  

“A ideia é criar um projeto de educação ambiental no parque, com emplacamento das vias ali, explicando o que é a biodiversidade do parque e qual a sua importância. Não deixar resto de comida, não jogar lixo no chão e andar com cães nas guias já ajuda”, expõe. 

Embora não seja uma atribuição da Coordenadoria do Bem Estar Animal – que se responsabiliza por animais domésticos e de grande porte – a responsável pela pasta, Carolina de Mattos Galvão esteve no espaço acompanhando a situação desses animais com a vereadora Luna Meyer (PDT), que é ativista da causa animal.  

O Departamento de Água e Esgoto (Daae) é responsável pelo local, e há um convênio com o Zoológico de São Carlos para tratamento de animais machucados. 

A coordenadora enfatiza que campanhas de conscientização e sinalização são importantes, e reforça também que os animais silvestres têm direitos resguardados pela legislação federal. 

“A preocupação é de como a população lida com esses animais, que precisam e devem ser protegidos e respeitados. É importante lembrar que as pessoas não tentem pegar e respeitem o ambiente em que eles escolheram pra viver. Não confundir com um rato, e também não achar que é um pet, porque o tratamento dos animais silvestres é muito diferente dos animais domésticos”, explica. 

A vereadora Luna Meyer enxerga o Parque Infantil como um abrigo e habitat natural para as espécies ameaçadas na pandemia. 

“Agora a ideia é protocolar projetos de plantio de árvores frutíferas que vão incentivar o enriquecimento dessa fauna e sinalização no local sobre esses animais”, diz. 

Outro ponto levantado por Carolina Galvão, é a necessidade de vigias noturnos para preservar tanto o patrimônio público quanto os animais ameaçados.

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