Para muitos estudantes conseguir uma vaga em uma universidade pública já é motivo de comemoração. Em alguns casos esse acesso é garantido após anos de cursinhos pré-vestibular ou estudos em casa.
Agora imagine só ser aprovado nos vestibulares das três maiores universidades estaduais de São Paulo aos 17 anos e de primeira?
Essa é a realidade do jovem bruno Matheus Foschiani, morador de Nova Europa. Ele estudou a vida toda em escola pública e sempre quis ingressar na vida acadêmica também em uma instituição pública. Para isso, criou um planejamento bastante próprio.
“Eu tinha estabelecia metas por bimestre e eu me esforçava para cumprir essa meta, e também precisava revisar as matérias porque depois de alguns meses você acaba esquecendo. Eu pegava exercícios antigos e fazia e também explicava para alguém imaginário a matéria, como se estivesse dando aula para alguém”, explicou.
PAIXÃO POR NÚMEROS
Bruno escolheu cursar ciências da computação na Universidade de São Paulo ( USP), instituição em que passou em quarto lugar.
Ele também foi aprovado na Unesp e na Unicamp. A relação candidato vaga na primeira fase do vestibular foi de quase 16 concorrentes para uma vaga. Essa foi a primeira vez que ele prestou o exame da Fuvest.
“Sempre quis fazer faculdade pública, principalmente por influencia dos meus pais, porque aqui no Brasil as melhores são as públicas e esses vestibulares da Unesp, Usp e Unicamp foi a primeira vez que fiz”, disse.
O jovem também lembra que ao longo do ensino médio sempre procurou prestar muita atenção ao que os professores diziam em sala de aula para poder aproveitar esse tempo ao máximo.
“As únicas matérias que eu via por fora era matemática e física porque são as que mais gostava e são da minha área, então pegava os livros do ensino médio ou baixava PDF . Já as outras eu dependia exclusivamente dos professores e ainda bem que tive bons professores”, comentou.
A funcionária pública Miriam Helena Foschiani, conta que o filho sempre teve muita curiosidade em aprender e na infância os seus brinquedos favoritos eram os pedagógicos.
“Como ele sempre gostou muito de leitura, ele gostava dos jogos. No 6º ano quando participou da Olimpíada de matemática e ganhou menção honrosa começou a ter mais interesse pelos números”, apontou.
JOVEM ESTUDIOSO
Todo esse esforço foi recompensado e o filho poderá ter acesso à educação de forma gratuita, já que os pais não teriam condições de bancar todos esses gastos.
“Nós estamos muito orgulhosos. Ele é aluno de escola pública e não temos poder aquisitivo alto, somos de classe baixa e ele sempre teve em mente que ia entrar na USP”, contou.
Quem também ficou muito orgulhosa com o feito do jovem foi a professora Maria de Lourdes Camargo, que deu aula para o bruno do 6º ao 9º ano, em uma escola municipal de Nova Europa.
Ela foi uma das incentivadoras das participações dele na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), o que fez com que a afinidade entre o aluno e os números, só aumentasse.
“O Bruno sempre se destacou como aluno em todas as disciplinas, mas principalmente na matemática. Ele sempre procurou conteúdo extra classe fazendo por conta para atingir seus objetivos”, avaliou.
Enquanto concedia a entrevista para a CBN Araraquara, Bruno finalizava a sua inscrição no curso da USP e ele já tem uma ideia do que fará depois da faculdade. Enquanto inspira outros estudantes das escolas públicas com o seu exemplo.
“Eu planejo seguir uma carreira de pesquisa principalmente com inteligência artificial ou algoritmos quânticos porque é uma área de computação e que envolve matemática”, conclui.
