O lixo da dona de casa, Aleine Gomes dos Santos, de 34 anos, continua na lixeira, no Jardim Santa Clara. Diferente do que acontece toda terça-feira, o caminhão que faz a coleta não passou por alguns bairros de Araraquara, deixando de coletar 190 toneladas de resíduos.
Ela conta que isto nunca aconteceu, mas que nenhuma explicação foi dada, até o momento, aos moradores. Na rua dela, o problema se repete em todas as residências.
“Desde ontem, o lixo está aqui em frente e, por conta disso, já tem mosca, além do mau cheiro”, afirma. “Eu já lavei, joguei sabão em pó, mas não adianta”, completa.
Na última terça-feira (15), o DAAE voltou a adotar o modelo em que os coletores de lixo não são transportados em estribos, na parte traseira dos caminhões. A medida atende decisão da Justiça.
Por conta desta mudança, os coletores fazem a coleta na maior parte do tempo a pé, tornando a jornada exaustiva e sem atender toda a demanda de serviço.
Segundo a prefeitura, a situação é preocupante e começa a colocar em risco a saúde pública, já que 190 toneladas de lixo domiciliar deixaram de ser coletadas na cidade. “O município espera a audiência entre o sindicato da categoria e o Ministério Público do Trabalho para que uma solução seja construída e a limpeza pública retome a normalidade”, afirma.
No Parque São Paulo a cena se repete. A desempregada Joseli Maria Cavalcante Silva, 53, precisou recolher o lixo que passou a noite na lixeira. “É o lixo do dia-a-dia, é horrível, fica fedido, não dá para deixar aqui na frente”, desabafa.
A dona de casa Daiane Rodrigues Queiroz, 27, diz que o problema nunca aconteceu e que o caminhão de lixo passa regularmente as terças, quintas e sábados. “É ruim ficar com o lixo acumulado na porta, as moscas ficam rodeando, animal rasga o saco e depois fica tudo espalhado”, lembra.
O canteiro central da Avenida Francisco Vaz Filho, importante corredor comercial da zona leste da cidade, também está tomado de sacos de lixo amontoados. O problema é flagrado ao longo de toda extensão da via.
A aposentada Rosa Marta mora conta que o lixeiro passa regularmente à noite. Nesta manhã, sem que o lixo fosse recolhido, ela voltou a levar o lixo para dentro de casa. “Agora que eu estou vendo que eles não passaram [os coletores], mas isso nunca aconteceu”, afirma.
Nesta quinta-feira (17), o sindicato que representa a categoria e o Ministério Público do Trabalho (MPT) se reúne para discutir uma alternativa ao modelo de trabalho dos coletores de lixo.