Duas asas vermelhas nas laterais. O logo da antiga Estrada de Ferro Araraquara (EFA). E a tradicional cor grená. Marcas registradas das locomotivas de 1958 e que foram resgatadas em uma homenagem aos 205 anos de Araraquara.
Os elementos conhecidos dos ferroviários e por apaixonadas pela ferrovia foram incorporados em uma máquina nova, de 1999, e que ainda está em operação. A intervenção levou aproximadamente um mês.
VEJA TAMBÉM
Conheça o prédio mais antigo e que resiste há 137 anos em Araraquara
Os caminhos que ligam o Centro de Araraquara à Vila Xavier
O gerente de relações governamentais da Rumo, Rodrigo Verardino De Stéfani, explicou que a locomotiva passava por revisão no pátio de Araraquara, e que a concessionária aproveitou este momento para refazer a pintura em homenagem ao aniversário da cidade.
Esta locomotiva foi pintada com a inspiração das primeiras locomotivas que chegaram em 1958, quando a Araraquarense começou a fazer a migração das locomotivas de tração a vapor por outras a diesel/elétrica. De 1.958 a 1.960, chegaram 17 locomotivas com esta pintura”, lembrou.
A máquina foi adquirida em 1999 pela Ferro-Norte, passou para a Brasil Ferrovia, América Latina Logística (ALL) até chegar à Rumo.
A ideia de fazer a homenagem foi do mecânico, Luis Fernando Milani. Apaixonado pela ferrovia e pela história da EFA, ele sempre sonhou em resgatar estes elementos.
“Não tem como não se emocionar. Estou na ferrovia há 21 anos e levo no sangue tudo isso aqui”, contou.
Mas, a homenagem não ficará restrita apenas a Araraquara. A máquina circula pela malha ferroviária entre Santos e Rondonópolis (MT), e levará o nome e a tradição da cidade por todas estas regiões.
“É uma máquina que tem potencial de rodar uma região muito grande do Brasil, levando o nome de Araraquara”, explicou de Stéfani. “Um evento como este deixa claro o respeito que a companhia tem com a história da ferrovia e com o município”, completou.
Para o coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico de Araraquara, Weber Fonseca, o resgate destes elementos traz um sentimento nostálgico, principalmente, pela ligação do desenvolvimento da cidade a partir da ferrovia.
“A Ferrovia é responsável por um momento bem específico da história, de desenvolvimento econômico e social. Mas ao longo dos anos, ela deixou de ter esta importância, desta vida cotidiana da cidade, como viajar. É algo que a gente poderia ter: uma malha ferroviária disponível para o transporte, como vimos em outros países. O fato de isto ter sido rapidamente desmontado, neste cotidiano, gera esta fissura nostálgica. Então, rever estes elementos do passado, a cor, e a possibilidade de trazer isto mais próximo, sempre é emocionante”, comentou.
Em 15 de março de 2001 passou por Araraquara o último trem de passageiros. Desde então, a ferrovia é responsável apenas pelo transporte de cargas.
Com a construção do pátio de manobras de Tutoia, desde outubro do ano passado, os trens deixaram de cortar Araraquara. Porém, a manutenção das locomotivas continua nas duas oficinas às margens da Avenida Maria Antônia Camargo de Oliveira, a Via Expressa.
De acordo com gerente de relações governamentais da Rumo, a previsão é de que estes serviços prossigam pelos próximos quatro anos. “Hoje, na nossa programação, a migração deve acontecer por volta de 2026. O que acontece em Araraquara é a manutenção de locomotivas: intervenção de média complexidade, onde chamamos de rotunda, e de alta complexidade, ao lado do antigo pavilhão da Facira”, concluiu.