Luvas cirúrgicas ecologicamente sustentáveis foram desenvolvidas por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara. Por ser tingido por pigmentos produzidos por um fungo, o material não é tóxico e possui ainda propriedades antibacterianas.
Atualmente, os pigmentos sintéticos são mais tóxicos. Ou seja, além de contribuir para a proteção do consumidor, a descoberta também se apresenta como uma solução industrial segura e ambientalmente sustentável.
A proposta de desenvolver um biomaterial utilizando corantes naturais surgiu em 2019 e a pesquisa foi descrita em artigo publicado recentemente na revista científica internacional Journal of Industrial and Engineering Chemistry.
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“Para fazer as luvas, nós juntamos os pigmentos naturais produzidos pelos fungos com o látex. A partir daí, fizemos testes físico-químicos, de coloração, mecânicos e de biocompatibilidade para avaliar se a luva seria tóxica. Nos testes, foi provado que não existe nenhuma toxicidade e que os pigmentos podem ser utilizados para a fabricação do produto”, explica o professor Cassamo Ussemane Mussagy, um dos autores do trabalho.
As luvas são tingidas com pigmentos fluorescentes produzidos pelo fungo Talaromyces amestolkiae, cultivado por cientistas do grupo de pesquisa BioPPuL (Bioproducts Production and Purification Lab).
Segundo os pesquisadores, os testes mostraram que o material é biocompatível e seguro, abrindo caminho para produção de outros tipos de luvas.
“A nossa luva não é a mais barata do mercado. No entanto, é preciso incentivar que o consumidor prefira usar alternativas que são mais seguras e menos nocivas ao meio ambiente em relação às convencionais, que são alternativas mais baratas, porém mais tóxicas”, salienta o professor.
O estudo revela que, apesar de ser mais custoso, o colorante natural produzido por fungos possui alto nível de qualidade em sua aplicação, além de ser uma solução sustentável, sem substâncias tóxicas e obtida a partir de um processo mais simples, uma vez que a produção de colorantes sintéticos envolve uma série de etapas e reações químicas que alongam o processo.
Para que a pesquisa possa avançar ainda mais, o pesquisador destaca a necessidade de novos investimentos. “Primeiro a gente formulou, testou e deu conta de que é seguro. Agora vem a parte de otimizar o processo, buscar formas de diminuir o custo de produção e aprimorar algumas tecnologias utilizadas durante a produção. Mas, sem investimento, é muito difícil realizar uma pesquisa de ponta, que tenha impacto internacional”, finaliza.
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