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CotidianoMoradores apontam insegurança com portaria virtual em Araraquara

Moradores apontam insegurança com portaria virtual em Araraquara

Mudança de portaria física para virtual tem deixado moradores inseguros sobre o monitoramento distante e agilidade no caso de acidentes

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Mudança da portaria física para virtual em condomínios de Araraquara gera insegurança (Foto: Amanda Rocha)
Mudança da portaria física para virtual em condomínios de Araraquara gera insegurança (Foto: Amanda Rocha)

 

 

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A transição da portaria física para virtual nos condomínios de Araraquara tem deixado alguns moradores inseguros. 

É o caso da socióloga aposentada Dulce Whitaker, de 88 anos. Há 30 anos ela mora em um prédio na região central da cidade e nunca imaginou que ficaria sem os porteiros, que fazem parte da vida dos moradores.

A aposentada frisa que no prédio a maioria dos moradores é de idosos que dependem muito dos porteiros. Ela explica que são relações de longa data e de ajuda. 

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“Nunca sonhei em morar em um prédio com portaria virtual, como podem trocar as pessoas de carne e osso por equipamentos que funcionam às vezes? Nada substitui o contato humano. Vamos precisar de uma rede de solidariedade”, aponta. 

 

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PROBLEMAS
Ela cita a ajuda imprescindível do porteiro em um caso de incêndio e em quedas de moradores em elevadores, por exemplo. 

“Aqui já teve um princípio de incêndio e o porteiro esvaziou o prédio, sem pânico algum, e as pessoas estavam tranquilas, porque tinha um ser humano orientando. Teve um caso de um marido cair e o porteiro levantar ele do chão, se nos acidentarmos como vamos fazer com a central longe?“, comenta. 

Em assembleia no condomínio da idosa, foi decidida a transição  física para a online, porém Whitaker aponta falhas na votação do prédio. 

Outro ponto levantado por ela é sobre a ilusão no corte de custos associado a portaria virtual. 

“Há muita gente idosa e doente no prédio, a votação da portaria virtual ganhou por uma maioria apertada na qual 50% dos condôminos não compareceram, não foi correto. Isso é discutível. É uma ilusão pensar que o valor ficará mais em conta, teremos outros problemas e gastos”, frisa.

ESTATUTO DO IDOSO
Ela move uma ação jurídica para garantir o seu direito condominial baseada no Estatuto do Idoso, pois teve a sua vida afetada.

A advogada Fernanda Bonalda ressalta que no caso de Dulce, assim como de vários idosos, há ainda problemas com o uso de celulares e novas tecnologias. Sem contar o desemprego dos trabalhadores. 

“ Há de se fazer uma reflexão sobre qual é o papel da sociedade, da comunidade e da família em relação à pessoa idosa, e nessa reflexão embora o Condomínio seja um empreendimento do setor privado, muitos Idosos por questão de segurança e praticidade escolhem morar nesses espaços décadas atrás, em especial no caso da entrevistada que além de idosa é acometida por problemas de saúde sérios, dentre outros pertinentes a própria idade”, frisa.

A advogada frisa também o contexto da portaria presencial na pandemia  onde postos de trabalho foram criados para auxiliarem moradores em isolamento. 

“Nestes tempos de pandemia e quarentena em que a sociedade viveu e conviveu, a portaria presencial teve, e tem um valor inestimável, inclusive há vários casos de criação de postos de trabalho momentâneos para auxiliar os moradores que tiveram que se isolar na pandemia”, avaliou Bonalda.

A reportagem tentou contato com o condomínio, mas não obteve retorno. 

FURTO DE BIKES 
Já em outro prédio, no bairro do Carmo, duas bicicletas nos valores de R$ 30 mil cada uma foram furtadas recentemente. 

Através do vídeo de monitoramento, o ladrão consegue abrir o portão principal e entrar tranquilamente, se passando por um morador. 

Ele sai pedalando uma bike e empurra a outra. A síndica do condomínio, Rebeca*, que preferiu não se identificar, comentou que o valor das bicicletas foram ressarcidos para a moradora.

“A portaria digital tem a sua segurança até um determinado limite. Neste caso foi muito específico porque o ladrão já sabia como mexer no portão para entrar e foi diretamente nas bicicletas que queria furtar. Estamos vulneráveis mesmo” aponta. 

Para a síndica, segurança total não existe em nenhuma das situações, seja com porteiro físico ou virtual.  Ela enfatiza que a presença de pelo menos um zelador é necessária. 

“De qualquer maneira a atenção e vigilância redobrada precisa existir, ainda mais nessa época de máscaras etc. Segurança total não existe em nenhuma das situações. Acho imprescindível pelo menos um zelador, alguém presente que fique atento para monitorar com mais afinco essas entradas e saídas mesmo se identificando no digital”, reforça.

O QUE DIZ O SINDICATO
O advogado Valberto Donizete de Oliveira, do Sindicato dos Empregados em Condomínios e Edifícios de Ribeirão Preto (SECERP), enfatiza que a automatização causa desemprego da categoria. Para ele, é preciso pesar a realidade de cada condomínio. 

 

“Temos uma posição contrária porque isso implica a substituição de mão de obra por máquinas e desemprego da categoria. Existem prós e contras e precisamos pesar. Há furtos ocorrendo em diversas cidades e um caso de um apartamento em São Paulo que pegou fogo e a portaria virtual não liberou para os bombeiros entrarem, pois a síndica não estava. Outras situações em que a pessoa passa mal no elevador. É uma nova realidade que precisa ser reavaliada”, aponta. 

Oliveira comenta que a ideia vendida de que a portaria digital é a melhor devido ao custo tem  muitas falhas. 

“Condomínios mais baratos podem expor as famílias a situações de risco, mas as realidades dos condomínios são diferentes, há prédios de 10,  50,  100 e 500 pessoas, tudo depende da situação . É um movimento que parece ser ideal até que ocorram eventos em que a segurança tem um custo”, conclui.

 

 

 

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