O número de motociclistas que morreram em acidentes de trânsito está em alta, em Araraquara. Até outubro, o salto foi de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.
O banco de dados do governo paulista, o InfoSiga, revela que 14 ocupantes de motos morreram em acidentes em 2021. No mesmo período de 2020, foram 10 mortes.
O caso mais recente, e que ainda não está nesta estatística, é o de um jovem de 19 anos, que morreu após bater contra uma caçamba, no bairro Santa Angelina.
O especialista em trânsito e professor da USP, José Leomar Fernandes Junior, diz que, embora os números sejam preocupantes, existem variações de um ano para outro que impedem uma leitura precisa, principalmente, a atipicidade da pandemia.
“A gente pode especular em relação a pandemia, de ter menor volume menor de tráfego de veículos no ano passado, um número menor de viagens, por outro lado, durante a pandemia, tivemos um aumento no número de motoqueiros realizando entregas. Esse volume alto faz com que eles aumentem a velocidade, para poder ganhar e, assim, correndo riscos. São muitos fatores envolvidos e uma explicação para esse aumento não é simples. Você pode especular e, o mais importante, é que junto com o número é preciso mostrar que ele é alto e que medidas precisam ser tomadas para a solução”, explica.
O InfoSiga também mostra que 85% das vítimas eram os próprios condutores, e que a maioria das mortes (10), foi em colisões.
Já em 2020, 70% das mortes também foram entre condutores, mas a maioria foi em choques (5), ou seja, quando a moto bate contra algum obstáculo parado.
José Leomar destaca que o fator humano está relacionado a 90% dos acidentes de trânsito.
“Pode não ser o único, mas, mesmo quando tem condição de asfalto molhado ou pavimento não muito bom, tem o fator velocidade incompatível com a situação. Em 10% dos casos o veículo falhou e, mesmo com cuidado com a direção preventiva, aconteceu o acidente. Ou a pista estava tão ruim que, mesmo tomando cuidado, não foi possível evitar o acidente. Ou seja, em apenas 10% dos casos não tem a participação do condutor”.
OUTRAS MORTES
As mortes em acidentes também registrou aumento de 41% de um ano para outro. De janeiro a outubro deste ano, foram 34 casos. No mesmo período do ano passado, apenas 24.
Para o especialista, a redução destes números passa por alguns pilares, como conscientização, formação dos condutores e fiscalização.
“Educação continuada e chamar a atenção da direção preventiva. Quem está fiscalizando as auto escolas também deveria ter um papel não apenas de fiscalização, mas criar campanhas para mostrar que todo cuidado é pouco. Em 90% dos casos o acidente acontece por fator humano e precisa ser lembrado. Além disso, tem a questão da fiscalização e da posição. Mas, essa fiscalização, muitas vezes, não é para uma redução de acidente, mas para um aumento no faturamento, na arrecadação. E essa arrecadação nem sempre é utilizada para melhorias do trânsito”, finaliza.