O país celebra nesta terça-feira (08) o Dia Internacional da Mulher, mas, infelizmente, não há muito para se comemorar, afinal, a violência contra a mulher segue fazendo vítimas.
Em Araraquara, o número de mulheres que buscaram ajuda no Centro de Referência da Mulher cresceu 118% entre os anos de 2020 e 2021 subindo de 187 em 2020 para 409 em 2021. São mulheres que buscam por orientação ou por ajuda.
Já o número de atendimentos psicológicos, que é direcionado exclusivamente para pessoas que sofrem com violência doméstica subiu de 1.014 para 1.656 no ano passado, um aumento de 63%.
Além disso, somente no ano passado, 14 mulheres ficaram em abrigos para fugir da violência e duas foram vítimas de feminicídio.
Para a coordenadora de Políticas para Mulheres de Araraquara, Alessandra Dadona, a Lei Maria da Penha ajudou a encorajar a mulher a denunciar. “Ao mesmo tempo, há pesquisas que demonstram que um pouco mais da metade das mulheres vítimas de violência não procuram um órgão oficial para denunciar. Fato preocupante”.
DADOS ALARMANTES
De acordo com a advogada Carla Missurino, apesar de todos os esforços para enfrentar a violência contra as mulheres, a estatística de crimes praticados todos os dias seja de forma física, psicológica, sexuais, ainda são alarmantes.
Ainda de acordo com a advogada, o medo de represálias por parte do agressor, a vergonha de expor a humilhação sofrida, as ameaças de perder os filhos, a exposição familiar e a falta de amparo e acolhimento institucional ainda fazem com que as mulheres aguentem caladas o sofrimento dentro dos lares deixando de denunciar e romper o ciclo da violência muitas vezes só descoberta após sua morte.
“O Feminicídio é o ápice de violências anteriores – sejam elas físicas, psicológicas, morais ou sexuais -, e é preciso alertar as mulheres para que percebam os sinais – “os padrões de risco” – e consigam se libertar antes que aconteça uma tragédia”, afirma.
Ainda de acordo com a advogada, as ameaças de morte, instabilidade financeira e abandono do lar são alguns dos problemas enfrentados por vítimas de violência doméstica após a denúncia
“Ao romperem o silêncio e registrarem ocorrências, as mulheres passam a enfrentar outros problemas: sofrem ameaças de morte, precisam abandonar a casa, o emprego, ficam sem dinheiro, perdem os filhos. Mas, antes mesmo de chegarem às instâncias criminais e jurídicas, as vítimas de violência doméstica enfrentam um longo caminho até concretizarem oficialmente a denúncia”.
Para Carla, somente ações públicas reais e verdadeiras de acolhimento e enfrentamento trará resultados positivos no combate ao crime, rompendo o silêncio e de fato fazê-las acreditar que a denúncia salvará sua vida e de seus filhos.
“Romper o ciclo da violência contra a mulher é dar voz para todas nós em conjunto. Dando as mãos em ações já reproduzidas como uma mulher salva outra mulher daremos apoio a rede de proteção fortalecendo umas a outras e assim todas juntas denunciaremos o crime”.
ONDE BUSCAR AJUDA
A coordenadoria executiva de Políticas para Mulheres, de Araraquara, oferece serviço de acolhimento e orientação às vítimas, atendimento psicológico e atendimento jurídico, em parceria com a Defensoria Pública. O Centro de Referência da Mulher oferece curso de arteterapia e yoga.
A cidade também possui uma Casa Abrigo para Mulheres em situação de risco de morte.
“Até o final deste mês será inaugurada a Casa das Margaridas, que será em espaço para mulheres em situação de desabrigamento, mas não risco de vida. Será um local de acolhimento onde as mulheres e seus filhos e filhas em situação de vulnerabilidade social e econômica possam receber apoio para reorganizar suas vidas e receber apoio”, finaliza Alessandra Dadona.