O que uma mãe é capaz de fazer por um filho? A professora Cinthia Miele de Melo percorreu mais de 1100 km até Araraquara em busca de qualidade de vida.
Quando tinha dois anos, o Davi recebeu o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Na época, a Cinthia morava em Vitória, no Espírito Santo, e descobriu que por lá os tratamentos seriam de difícil acesso.
Foi então que em 2019 ela resolveu deixar todo seu conforto para trás e vir para o interior de São Paulo buscar ajuda para o seu filho. Na última sexta-feira (06), o Davi completou sete anos.
“Eu comecei a entrar em desespero porque você vê a situação do seu filho, que precisa de tratamento. Me senti de mãos atadas e comecei a pesquisar. Vi que o interior de São Paulo é um lugar incrível para o tratamento e decidi que era aqui que eu deveria estar com o Davi”, lembrou.
Além de deixar em Vitória toda sua família, amigos e bens materiais, Cíntia também precisou abdicar da vida profissional. Ela é professora de inglês e, para acompanhar o filho nas consultas e no aprendizado, dá aulas particulares nos intervalos que sobram.
Os anos de pandemia também acabaram interferindo no desenvolvimento dele. Assim, ficou mais complicado se concentrar na carreira.
“Até hoje, profissionalmente falando, ainda é bem complicado porque em alguns momentos da vida precisamos fazer escolhas, e para tratar dele não tenho a possibilidade de atuar na minha área de forma efetiva. Tive que abrir mão do meu lado profissional e o que consigo fazer é atender de forma particular. Espero que mais para frente, quando ele tiver mais estrutura, eu recupere a minha vida profissional”, contou.
ADAPTAÇÕES
Quase três anos após toda essa mudança, os dois já se adaptaram a nova rotina. E a mãe deixa claro que faria tudo de novo.
“Me adaptei a cidade, mas mesmo assim é bem difícil, porque tive que abrir mão da minha zona de conforto, porque lá tinha minha família, amigos. Me mudei para um lugar onde não conhecia ninguém, foi complicado no começo. Nunca pensei que fosse viver isso na minha vida, mas eu faria tudo de novo”, avaliou.
Se restava alguma dúvida sobre a ligação de uma mãe com seu filho, a Cíntia finalizou fazendo uma reflexão sobre a maternidade. “Nada para mim foi tão forte quanto ser mãe do Davi, ser mãe especial. O Davi me transformou em uma pessoa mais humana e mais empática. Não há nada nesse mundo que me traga mais felicidade do que ser mãe dele”.