Diante das incertezas provocadas pela pandemia de Covid-19, muitos casais que estavam planejando a gravidez decidiram postergar a decisão. Segundo a obstetra e ginecologista Tatiana Provasi Marchesi, a depender da idade das mulheres, o congelamento de óvulos e embriões tem se tornado uma opção viável para quando as coisas estiverem mais calmas.
A especialista explica que essa possibilidade se mostra principalmente para mulheres que primeiro queiram alinhar suas vidas profissionais e pessoais ou mesmo para quem ainda não encontrou o parceiro ideal, mas deseja ter um filho no futuro. “Diferente dos homens, a idade da mulher é algo que impacta na sua fertilidade, então ter o poder de adiar a decisão de ser mãe é algo vantajoso para muitas delas”, diz.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro de 2020 mostram que o aumento no número de mulheres que deram à luz entre os 30 e os 34 anos foi de 27,5%; já entre os 35 e 39 anos, esse incremento foi de 63,6%; na faixa dos 40 aos 44 anos, foi de 57%; entre 45 e 49 anos de 27,2%; e 55% naquelas acima dos 50 anos.
No geral, esses índices refletem o perfil de mulheres solteiras, com alto nível de escolaridade e que deixaram a maternidade para mais tarde. “Apesar de não ser uma garantia de que se vá engravidar com os óvulos congelados, essa opção traz uma certa tranquilidade para quem deseja deixar essa decisão para mais tarde”, comenta Tatiana.
“A quantidade e qualidade dos óvulos cai gradativamente ao longo da vida, mas com a opção de congelamento, uma mulher de quarenta anos terá os mesmos óvulos de quando tinha 30 e optou pelo procedimento, o que promove não apenas uma maior chance de engravidar, mas também menor risco de aborto e de má formação fetal, por exemplo”.
ONDE REALIZAR O PROCEDIMENTO
O congelamento de óvulos é um procedimento seguro e feito em clínicas de reprodução assistidas e especializadas. No interior de São Paulo, a opção está disponível em grandes centros como Ribeirão Preto e Campinas, mas a abordagem inicial e avaliação das pacientes pode ser realizada por obstetras e ginecologistas de qualquer cidade.
“O processo também não é todo realizado em um único lugar. A aplicação de hormônios e ultrassons de controle, por exemplo, podem ser realizados localmente. O deslocamento para as clínicas geralmente só ocorre para a coleta dos óvulos. Procedimento que dura em torno de trinta minutos”, explica Tatiana.
A evolução das técnicas de congelamento tem popularizado esse processo para cada vez mais mulheres e segundo a ginecologista a importância em discutir o tema é justamente conscientizar sobre essa possibilidade. “Então, é muito importante que os profissionais da área sempre mostrem as suas pacientes todas as vantagens do procedimento”, diz.