O nome dela é Sarah. Tem apenas 1 ano e sete meses. É tímida e não gosta de câmera. Adora fazer arte e destrói tudo o que vê pela frente.
Não, não é uma criança desbravando o mundo. Simplesmente, é uma arara-Canindé tipicamente brasileira, ostentando sua longa cauda azul e o peito amarelo.
Sarah mora na selva de pedra. Não voa, mas adora olhar as vitrines. Nos braços de sua dona, passeia despretensiosamente pelos corredores de um shopping de Araraquara.
Inclusive, na noite da última quarta-feira (15), ela surpreendeu a advogada Isabela Maria Costa Soares, de 27 anos, que fazia compras em uma loja de departamento.
“Ouvi um grito, olhei para trás e vi uma moça com a arara no braço […] ela tava bonitinha com coleirinha roxa“, lembrou.
Isabela fez o clique e compartilhou em suas redes sociais com a seguinte legenda: “Coisas que só se veem em Araraquara: uma arara, numa coleirinha roxa, dando um rolezinho no shopping“, escreveu.
“Eu fiquei com um misto de choque e fascinação porque ela é bem grande e tava tão comportadinha passeando pelo shopping, como se fosse apenas mais uma quarta-feira comum na vida de uma arara urbana”, brincou a advogada.
Sarah costuma fazer sucesso por onda passa. Ela tem a própria rede social, onde é possível encontrar fotos tiradas por seus admiradores.
“Não é todo mundo que para. Tem aquela pessoa que fica olhando de longe, às vezes, por medo, receio de ver. Tem os que chegam tirando foto, que perguntam se é legalizada, como são os cuidados”, contou a funcionária pública, Ana Elisa, 34, uma das tutoras do animal.
Ela lembrou que a arara chegou ainda filhote. Era um desejo antigo do marido que ganhou o incentivo dos filhos.
O animal foi comprado no ano passado em São Paulo em uma loja legalizada por autoridades ambientais. A anilha que tem em uma das patinhas contém todas as suas informações e a autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) para ser criada em casa.
“Como meus filhos brincam, ela é um dinossaurinho porque destrói tudo o que vê pela frente. Então, você não pode deixá-la estressada, tem que ter algumas coisas para brincar dentro do viveiro porque se não ela vai bicando e destruindo”, descreveu a funcionária pública.
Com seu bico resistente e pontudo, a arara-Canindé já furou e quebrou diversos potes de ração e água. Os donos também já tiveram o mesmo “azar”. “Nem tudo são flores, a gente toma umas belas de umas bicadas”, brincou Ana Elisa.
Além de cuidar da alimentação, é preciso evitar que a Sarah fique estressada. Por morar na cidade, ela teve as asas aparadas para não conseguir voar. Ou seja, o animal precisa gastar energia de outras formas.
“Talvez, não seja tão bom para ela, mas foi a opção que a gente teve. Então, ela não voa e a gente tem que ficar distraindo”, explicou.
Agora, Sarah começou a falar suas primeiras palavras. Mas, por ser tímida e não gostar de câmera, os registros destes momentos ficam apenas nas lembranças da família. Em algumas ocasiões, ela fala “oi” e até mesmo chama pelo pai humano.
“Na quarta-feira, não sei se porque o shopping estava muito cheio, ela começou a chamar pelo pai. Ela falava: ‘cadê o Alan?’“, contou Ana Elisa.
Atualmente, a Sarah é o único animalzinho em casa e está sempre acompanhada, seja pelo pai ou pela mãe. Ela também tem o próprio viveiro, construído pelo casal.
Segundo a funcionária pública, ter uma arara em casa requer muita responsabilidade. Tem que ter espaço, tempo e cuidado. “Não é um brinquedo”, resumiu.
Para ela, assim como acontece com a chegada de qualquer pet, a Sarah transformou a vida da família. A filha mais velha, Sabrina, 14, inclusive, sonha em ser veterinária ou trabalhar com zootecnia por conta do bichinho.
“Queria poder ter mais tempo para praticar o voo livre […] Eu devo um pouco para ela, mas eu tento dar a melhor vida que eu posso para ela“, afirmou.
ADMIRADORES
Após a foto da Sarah, muitos seguidores de Isabella curtiram e comentaram a publicação, mostrando-se chocados com a curiosidade em pleno shopping.
“Acho que, a partir de hoje, estou esperando de tudo, imaginando qual o próximo bicho que vou encontrar nos corredores do shopping“, brincou a advogada.
LEGALIZADA
A única forma de possuir um animal silvestre legalizado, como a Sarah, é por meio de criadouros ou estabelecimento comercial autorizados pelo Ibama, ou por outro órgão estadual responsável.
Os criatórios autorizados pelo instituto são licenciados, registram cada animal, colocam anilha de identificação e oferecem nota fiscal para a compra.
