Pode ser uma ligação repleta de saudade, uma videochamada que encerra com um até breve ou um doloso adeus entre aqueles que se amam.
O projeto ‘Conexões do Cuidar’, que vem sendo realizado na Santa Casa de Araraquara, até o próximo dia 25 de fevereiro, visa tornar as relações mais humanizadas, resgatar e fortalecer as conexões tanto dos pacientes com seus familiares como a deles com os profissionais da saúde.
O projeto é realizado pela ONG ImageMagica, que utiliza a fotografia como ferramenta de humanização dentro de hospitais.
“A ImageMagica realiza projetos socioeducativos há 25 anos em escolas e hospitais de todo o Brasil, desenvolvendo olhar crítico e sensível dos participantes, usando a fotografia como uma ferramenta de transformação social. Em 2020, para continuar desenvolvendo o trabalho. Nós resolvemos usar a metodologia já consolidada e os recursos humanos e tecnológicos para atender pessoas em isolamento social e profissionais de saúde, para que pudéssemos atender um público que, em meio a pandemia passou a precisar de uma atenção especial”, explica a coordenadora do projeto, Simone Araújo.
Para realizar essa aproximação, a ONG passou a enviar duas pessoas para o hospital selecionado. Ao longo de 30 dias esses profissionais aproximam as pessoas por meio de visitas virtuais e crachás humanizados para os profissionais da saúde.
“Fizemos um crachá um pouco maior, colocamos a foto do profissional, o nome e uma mensagem motivacional. Deste modo, o paciente consegue enxergar o profissional, que durante o atendimento está todo paramentado. Deste modo, o paciente sente-se mais seguro e vê um atendimento mais humano”, ressalta.
Além disso, muitos pacientes acabam não podendo ter contato com seus familiares ou ficam impedidos de usar o celular, por isso, o grupo leva todo o equipamento devidamente esterilizado para que o paciente em isolamento possa receber um pouco de carinho e afeto de seus familiares.
“São ligações muito afetivas, falando de planos, falando de saudade e ouvindo palavras que, muitas vezes, ele não houve no seu dia-a-dia. Em alguns momentos, a videochamada foi a despedida daquele paciente com seu familiar. Tivemos casos de pacientes que já estavam com a saúde muito comprometida e que recebeu todo amor e carinho antes de partir. É um momento de emoção, em alguns casos precisamos interromper a ligação para que o paciente se acalme e possa retornar mais tarde”, explica Simone.
O PROJETO
O projeto acontece na Santa Casa de Araraquara e conta com dois profissionais paramentados com todo o equipamento necessário.
Na Santa Casa de Araraquara estima-se que mais de 1.300 profissionais da saúde devem receber os novos crachás e cerca de dez videochamadas sejam realizadas por dia.
O grupo se mantém por meio de doações pessoas físicas e jurídicas. A ampliação no projeto ocorre conforme chegam as doações.
“Temos uma fila de hospitais aguardando o projeto. No ano passado foram mais de 30 hospitais atendidos e mais de 16 mil profissionais que receberam o crachá humanizado. Ele sempre foi muito importante dentro do hospital, mas ganhou uma importância muito maior, diante do isolamento social”, finaliza Simone.