A falta de uma agência dos Correios tornou os moradores de Rincão dependentes de cidades da região para despachar correspondências. A unidade foi fechada no início deste ano e não há previsão de reabertura.
Enquanto isso, quem depende do serviço precisa procurar por cidades vizinhas, como Motuca e Santa Lúcia, que ficam a 17 km e 16 km de distância, respectivamente.
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É o caso da designer de moda, Evelyn Fernanda Ribeiro, de 30 anos, que tem uma confecção de moda feminina. As vendas pela internet correspondem a 90% do seu faturamento.
Sem uma agência na cidade, o envio de pedidos que antes era diário passou a ser feito uma vez por semana. “Se o cliente faz o pedido, por exemplo, na sexta-feira, depois das 17h, só vou conseguir postar nos Correios na próxima semana. Antes, eu conseguia postar todo dia”, explicou.
Evelyn envia mercadorias para todo país. Ela lembrou que esta demora costuma gerar reclamação de seus clientes.
“O pessoal que comprou, normalmente, quer agilidade na entrega. Então, se a pessoa compra e dá um atraso para postar… é bem complicado”, avaliou.
A agência que ficava no Centro de Rincão foi fechada em janeiro. Desde então, apenas o serviço de entrega tem sido realizado.
A Lívia Vitória Moreto é oficial substituta do Cartório de Rincão, que funciona desde 1910. Segundo ela, é grande a demanda para envio pelos Correios de certidões de nascimento, casamento e óbito.
Sem a agência, os pedidos são enviados uma vez por semana. “Apesar de existir a maneira digital, entre cartórios, muitos querem receber na própria residência. Então, a gente tem que se locomover até uma cidade vizinha”, contou.
Porém, existe a preocupação com o prazo de cinco dias úteis para o envio de determinados documentos. Por isso que, em casos de urgência, um motoboy é chamado pelo Cartório para despachar a correspondência na agência mais próxima.
“Além da demora, acaba gerando custas a mais que eu não posso cobrar dos clientes. Então, a gente fica com esta despesa do transporte”, afirmou Lívia.
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Região de Ribeirão Preto (SintectRpo), Oseias Vieira, o fechamento de agências, como a de Rincão, revela uma política de precarização dos serviços, que incluiu ainda a não realização de concurso público e contratações desde 2011.
Agora, estão determinando o fechamento de milhares de agências por todo país. Além de estarem vedados novos alugueis predial, muitas unidades de Correios foram chamadas por desentendimento comercial e não conseguem abrir em outro local, pois a contratação de novos aluguéis está suspensa”, completou.
O diretor do SintectRpo explicou ainda que com o fechamento das agências, os funcionários são transferidos compulsoriamente para unidades próximas. “É uma política verticalizada. O governo federal quer privatizar os Correios e, para conseguir o apoio da sociedade, sucateia a empresa na tentativa de precarizar os serviços”, afirmou.
FALA, CORREIOS
Procurado, os Correios justificaram que a agência estava em um prédio que não atendia aos padrões de qualidade de atendimento ao cliente, disseram que lamentam eventuais transtornos e seguem estudando novas alternativas para atendimento à população.
“A empresa está à procura de imóvel adequado aos seus serviços, que atenda toda a legislação necessária e aos requisitos estabelecidos”, ressaltou.
Segundo a estatal, como alternativa, os clientes podem procurar às agências dos municípios de Motuca e Santa Lúcia, ambas com atendimento de segunda a sexta-feira das 9h às 12h e das 14h às 17h.