Matéria atualizada nesta quinta-feira (25) às 12h40
Sem gás de cozinha há duas semanas e passando por muitas dificuldades financeiras, a família da catadora de reciclável Simone dos Santos Silva, de 37 anos, vive em situação de vulnerabilidade social no Parque Gramado, em Araraquara.
Na casa da recicladora Simone dos Santos Silva moram cinco pessoas. Dois filhos pequenos de 4 e 5 anos, um adolescente de 16 anos e a avó das crianças, de 59 anos, que têm problemas de saúde e está acamada. O pai das crianças era diabético e morreu devido a complicações da doença.
“Eu preciso muito de alimentos para as crianças e gás, porque ele acabou, estou há duas semanas sem. Estava cozinhando na lenha, e meu vizinho ajudou um pouco e minha irmã trouxe o fim do gás dela. Eu tenho que dar comida gelada para eles, não tem o que fazer”, contou.
LEIA MAIS
Prefeitura de Araraquara pagou R$ 42 mil por aluguel do CEAR
Araraquara registra mais de 500 casos envolvendo escorpiões
Simone disse que é atendida pela assistência social do município, porém, as cestas básicas costumam demorar até 50 dias para chegar.
“A cesta vem mas demora até 50 dias e nisso fico sem comida em casa. Eu não posso reclamar da prefeitura, porque tem várias pessoas que também precisam. Sei que tem várias pessoas até pior que eu, mas está difícil. Eu não tenho porque mentir. Minha situação é essa”, apontou.
SEM ENERGIA
Ela disse que recebe R$1.200 como recicladora, mas não consegue pagar as contas de água e luz em dia, e colocar a comida na mesa para todos. Inclusive, a energia foi cortada.
Simone comentou que contas de água e luz estão com valores muito altos, por volta de R$300.
No caso da energia elétrica, o valor vem alto devido à fiação “emendada”.
“Nunca tive condições de comprar a fiação que vai até dentro de casa e a fiação está toda emendada, aí vem um absurdo em torno de R$300. Eu precisava muito da fiação, o eletricista falou que os fios emendados roubam e vaza a força, minha geladeira é antiga também. Mas eu vou fazer o que?”, disse.
Para religar a luz, Simone precisa pagar o valor de R$ 560.
Sobre a conta de água, Simone teria procurado o Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara (Daae) e foi informada que a casa teria um vazamento.
“Fui na assistente social do Daae, a água vem R$ 250 e R$ 300, e eles falam que é vazamento mas não tem porque eu desligo o registro geral sempre, nem roda o registro”, contou.
Em nota , o Daae informou que parcelou as contas de Simone em atraso em março de 2022, e em julho deste ano houve atendimento pelo Fundo Social da autarquia com assistência sobre o vazamento.
Nesta quinta-feira (25) está programada uma vistoria interna das instalações hidráulicas do imóvel.
“Ainda seguindo as diretrizes de atendimento do Daae, a água do imóvel não foi cortada e a contribuinte foi orientada a acertar duas contas atrasadas até o dia 02 de setembro. Tendo em vista a situação da família, o Daae está acompanhando de perto o caso e, se houver a necessidade a contribuinte será atendida novamente”, frisou a nota.
SEM LEITE
Fora o problema com as contas atrasadas, o leite das crianças acabou há quatro dias, e Simone tem dado água com açúcar para os pequenos.
Na casa, há apenas uma porção de arroz para o dia, um pouco de feijão e macarrão. A geladeira está praticamente vazia, assim como o armário da cozinha.
“O que tenho hoje é um punhado de arroz. Muitas vezes eu tenho que dar mamadeira para eles com água e açúcar”, disse.
NA LUTA
O adolescente de 16 anos frequenta o Programa Filhos do Sol e está à procura de emprego. A mãe comentou que ele vem tendo crises de falta de ar e depressão devido ao contexto familiar.
“O menino mais velho nunca repetiu de ano e nunca foi para o mal caminho. Ele me ajuda a dar banho nas crianças, a limpar a casa. Ele precisa de tênis, calça número 46, é muito alto e é difícil conseguir calçado para ele, só tem um chinelo. Ele quer muito trabalhar e não consegue serviço, ele faz qualquer coisa”, frisou.
Alheios a tudo o que acontece no quintal repleto de reciclagem, os dois meninos falaram que gostariam de comer miojo e lanche.
“Miojo é minha comida preferida, e pão com mortadela também”, disse um deles.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS )informou que a família de Simone é atendido pelo município desde 19 de julho de 2017.
“São fornecidas cestas básicas mensais e a última foi entregue nesta terça-feira (23). Ela já foi atendida com fornecimento de cota de gás, vale-transporte, roupas e calçados, via Fundo Municipal. Em outubro de 2019, foi inserida no Programa Bolsa Cidadania, e o filho adolescente foi inserido no programa Filhos do Sol no qual recebe um valor de R$250. A família é assistida de todas as formas possíveis pela secretaria”, frisou a nota.
COMO AJUDAR?
Para doação de alimentos, roupas e alimentos entre em contato com Simone pelo número (16) 99992-6337. As crianças pequenas vestem número 8 ou 10. O adolescente veste G e calçado 46.
O endereço da família é na Avenida Doutor Nelson leite do Amaral nº 333, Parque Gramado, Araraquara.
