Durante reunião online realizada na semana passada entre representantes da Secretaria Municipal de Educação de Araraquara e professores da rede, a chefe da pasta Clélia Mara dos Santos, teria impedido a participação de representantes do Sismar, o Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região. O encontro, segundo o sindicato, era para discutir ajustes no Horário de Tempo Pedagógico, o HTP, que passaria a ser no horário noturno para toda a rede.
Segundo o Sismar, dois representantes da entidade foram barrados: o presidente, Gustavo Jacobucci, e a diretora seccional, Bernadete Souto. Bernadete explica que a presença do Sismar na reunião foi uma solicitação dos próprios professores e, por se tratar de uma possível alteração no quadro funcional da categoria, o sindicato entendeu que a presença dos representantes era necessária.
“Os professores solicitaram que o sindicato pudesse estar presente e na quinta-feira nós recebemos o link através dos professores, não fomos convidados pela secretaria da Educação e também não enviamos uma solicitação para participar por entender que sendo um assunto que iria tratar da vida funcional dos professores com a secretaria e equipe, não haveria nenhum problema que o sindicato pudesse participar dessa reunião, ao menos estar presente”, explicou Couto.
“Eu e o presidente do sindicato e também é funcionário da educação solicitamos a entrada na reunião, que foi online e não tivemos a permissão de permanecer nela, tentamos entrar várias vezes e era removido. Foi aí que percebemos que não estávamos sendo recebidos pela responsável pela reunião, a secretária”, completou.
Na visão do Sismar, a mudança traria transtornos para professores que fazem dupla jornada ou que são de outras cidades. O questionamento dos dirigentes não é referente a quantidade de horas exigidas para o HTP, mas ao horário que essa atividade seria exigida dos professores.
“A alteração nesse horário do HTP vai mexer com a organização do trabalho dos professores, principalmente aqueles que acumulam cargos com outros empregos, seja na escola particular, outro município ou rede estadual. É isso que causa preocupação, pois temos muitos professores que moram em outras cidades”, defendeu.
De acordo com Bernadete, a falta de diálogo com a secretaria municipal de Educação de Araraquara é constante. O Sismar chamou a atitude da secretária Clélia Mara dos Santos de autoritária e classificou a postura da gestora como totalmente contrária ao discurso de gestão democrática repetido diariamente pelo governo.
“A dificuldade que sempre nos deparamos é a falta de diálogo. Entendemos – eu sou professora de carreira e estou no sindicato agora, mas minha profissão é professora -, que algumas alterações são necessárias, uma vez ou outra, mas que elas fossem conversadas, planejadas e discutidas em tempo hábil para poder se pensar na melhor forma de cumprir esse horário, que ninguém se recusa a cumprir, mas que ele possa ser bem aproveitado”, reforçou.
Nesta segunda-feira, o sindicato denunciou a atitude da secretária Clélia Mara dos Santos ao Ministério Público do Trabalho por entender que, ao impedir a participação de dirigentes, a gestora pública incorreu em prática antissindical.
“Infelizmente aconteceu, por isso que fizemos essa denúncia, porque a prática foi considerada, inclusive pelo departamento jurídico do sindicato como uma prática antissindical. Ou seja, uma reunião em que não haveria problema que os representantes do sindicato pudessem participar, no entanto, fomos impedidos de participar e manter nossa presença na reunião”, finalizou.
O Sismar disse que vai entrar nos locais de trabalho, nas reuniões e em qualquer lugar onde houver servidores em relação de trabalho com a Prefeitura de Araraquara. E que isso é dever e direito do sindicato, independentemente da vontade da secretária de educação Clélia Mara dos Santos.
Por meio de nota, a secretaria municipal de Educação de Araraquara disse que a pauta da reunião mencionada não exigia nenhuma mediação sindical, por isso apenas professores foram convidados a participar. Informou, também, que nenhuma solicitação de participação do Sismar foi requerida. Se tivesse sido solicitada, diz a nota, teria sido atendida, como se deu em outros momentos.