Eles são jovens, obstinados e apaixonados por tatuagem. E quando começaram a tatuar em 2019 não imaginavam que iriam enfrentar a pandemia do novo coronavírus no fatídico ano de 2020.
Mas Mateus Alvez Batista, 20 anos, e Letícia Leyde, de 24 anos, aproveitaram o momento para focar nos estudos de desenho e aprimorar a profissão que escolheram.
“No começo foi tenso porque foi o início da minha carreira como tatuador, muita gente não conhece, mas tive mais tempo de estudo e horário na pandemia. Estudei muito mais. Não sei se está acabando a pandemia mas as coisas estão melhorando”, conta.
PANDEMIA E TATUAGEM
Máscara, álcool em gel, medição de temperatura e kit higiene de tatuador estão lá: luvas e material descartável, sempre.
Todas as normas de higiene são seguidas e eles frisam para clientes evitarem trazer acompanhantes, só em último caso. Aglomeração nem pensar nesses tempos de contágio do vírus.
Leyde conta que embora tenha tomado um “choque de realidade” com a pandemia no começo da carreira, insistiu com estudos de desenhos e driblou o negativismo.
“Foi um choque de realidade, apareceu a pandemia e pensei: acabou meu rolê. Mas tentei não me deixar levar pelo negativismo, continuei estudando e planejando. A cabeça tem que trabalhar pra enfrentar esse desastre todo da pandemia. A tendência é não desistir e continuar, porque mesmo com a pandemia há bastante procura, mas sempre respeitando as normas de higienização”, reforça.
Alvez reforça que a higienização da pele deve ser feita de forma correta – “porque a tatuagem é como um machucado, o cuidado da pele exige bastante pra tatuagem ficar boa”.
“Se a pessoa tiver algum problema de pele e pegar covid-19 na época em que fez a tatuagem pode influenciar na cicatrização”, lembra.
TATTOOS PREFERIDAS DE 2020
O tatuador desenvolve um estilo autoral em blackwork (traços com tinta preta) e disse que as tatuagens mais procuradas em 2020 foram desenhos realistas, flores e caveiras.
“Tem saído muito desenho de flor esse ano, antes eram mais mulheres que faziam mas aumentou a procura de flores por homens, vemos que há menos preconceito”, diz otimista.
Letícia Leyde complementa dizendo que trabalhos em fine line, que são os traços finos, mais delicados e minimalistas, também estão em alta: homenagens com nomes, frases e corações são uns dos mais “gravados” nas peles dos araraquarenses no último ano.
SEM PRECONCEITO
Os tatuadores reforçam que hoje em dia é difícil ver alguém que não tenha tatuagem. Leyde conta orgulhosa que tatuou uma senhora de 70 anos no ano passado.
“Hoje é mais difícil você ver alguém que não tenha tatuagem do que quem tem. Tatuei uma senhora de 70 anos, foi a primeira tatuagem dela. Mas a faixa que mais procura é dos 18 aos 30 e poucos”, diz a tatuadora.
Para Alvez, a tattoo é antes de tudo arte e expressão. Ele se dedica no trabalho ao máximo para desmistificar o preconceito.
“A tatuagem pra mim é uma forma de vida e de expressão, é habitar a arte no seu corpo. Comparado com antes é bem diferente, trabalhamos duro para quebrar esse preconceito, damos o máximo no trabalho”, reflete.
Sobre o futuro na profissão, são enfáticos: é o que sempre sonharam fazer e continuarão estudando e enfrentando com cuidado o momento delicado da pandemia do novo coronavírus.
“É lugar que sempre quis estar e sou eu mesma, sou livre para me expressar. É algo que sempre busquei, manter o respeito, integridade e pensar na pele da pessoa”, finaliza a tatuadora.