O Brasil é um dos países com estratégias antitabagismo mais efetivas do mundo. Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2020, o percentual total de fumantes no país com 18 anos ou mais foi de 9,5%, sendo 11,7 % entre homens e 7,6 % entre mulheres. Diante desse cenário, segundo o pneumologista Dr. Flávio Arbex, a indústria do cigarro precisou se reformular nos últimos anos para enfrentar essa resistência, o que resultou em criações como o cigarro eletrônico.
“Porém, é preciso muita atenção, pois esse dispositivo, também conhecido como vape, é tão danoso quanto todos os outros tipos de tabaco, podendo causar crises respiratórias agudas com sintomas, como fadiga, tosse, febre, respiração curta e até mesmo uma falha respiratória grave, provocando um efeito semelhante a pneumonia, com vários pontos de inflamação distribuídos ao longo do tecido pulmonar e que podem, inclusive, levar à morte”, diz o especialista.
Arbex também ressalta o perigo apresentado pelo vape em meio aos jovens, pois o dispositivo traz a possibilidade de o usuário utilizar diversas essências e sabores, sendo que alguns deles ainda estão relacionados com o uso de canabinoides, que são os princípios ativos oriundos da maconha. “Fatores que têm se mostrado extremamente atrativos para a parcela da população na adolescência.”
Embora ainda não haja estudos aprofundados sobre os danos do cigarro eletrônico à longo prazo, o pneumologista reforça que já existem diversas doenças e situações documentadamente ligadas ao uso do vape. “Como lesões pulmonares graves causadas pelas substâncias químicas presentes na fumaça e até mesmo a necessidade de transplantes de pulmão em adolescentes que fizeram uso do dispositivo.”
O pneumologista relembra ainda que os cigarros eletrônicos surgiram e foram vendidos como um meio de abandono do cigarro tradicional ou até mesmo como uma modalidade de fumo menos danosa que as conhecidas até então, mas que com o passar dos anos essa falsa ideia apresentada pela indústria foi desfeita.
“O que acontece é que as substâncias contidas em cada um dos variados tipos de cigarros podem ser diferentes, mas com o tempo, os danos se mostram de forma parecida. Portanto, evitar o tabagismo é uma atitude imprescindível em qualquer circunstância para os indivíduos que desejam preservar a boa saúde. Não apenas dos pulmões, mas do organismo como um tudo”, alerta o especialista.