Com o olhar sereno, o empresário Eduardo Del Acqua olha com otimismo para o futuro. Poucas horas após o incêndio que devastou a sua loja, no Centro de Araraquara, o sentimento, agora, é de recomeço.
“Depois de todo o choro, de toda a tristeza que passamos, o que motiva são três coisas básicas: minha família, meus funcionários e Deus”, disse ao acidade on na manhã desta segunda-feira (9).
Em um ato simbólico, Del Acqua se reuniu com seus funcionários, rezou a oração do “Pai-Nosso” e garantiu que todos continuarão empregados. “Falei: ‘vocês podem contar com a gente, porque ninguém vai perder o emprego, vamos continuar'”, afirmou.
Com o fim do trabalho do Corpo de Bombeiros, praticamente 24 horas após o início do incêndio, foi possível ter a dimensão do estrago provocado pelas chamas: paredes caídas no chão e metais retorcidos. O estoque ao lado onde estavam produtos inflamáveis não foi atingido.
O empresário contou que sua maior preocupação era com as casas vizinhas, principalmente a que ficava ao lado direito e na qual mora uma idosa de 100 anos. “O tempo todo eu falei: ‘bombeiro, não deixa acontecer nada aqui, molhe aqui, molhe ali’. O mais importante era não deixar acontecer nada com os vizinhos, porque a minha loja é minha loja, o problema é meu. O que eu perder, perdi. Não quero que mais alguém perca nada”, disse.
A PIOR NOTÍCIA
O incêndio começou por volta das 15h de sábado (7) e consumiu os produtos que estavam na loja, além da estrutura metálica do teto. Uma parede ao lado do estacionamento também cedeu. Felizmente, por conta do feriado, a loja não estava aberta ao público.
O empresário contou que recebeu a notícia pelo filho de que a loja, especializada em produtos descartáveis e de limpeza, estava pegando fogo. As causas ainda são desconhecidas.
“Fico ouvindo a voz dele: ‘pai, a loja está pegando fogo’. Eu falei: ‘como assim ta pegando fogo?’ Ele ligou de novo: ‘pai, a loja tá pegando fogo’. Não caia ficha. Eu vim correndo e na hora que cheguei, sentei na calçada, não tinha o que fazer. Fiquei só olhando e chorando“, lembrou.
Nesta manhã, a Polícia Científica esteve no local para fazer a perícia e apontar em laudo as causas do incêndio. Fiscais do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) também compareceram para analisar a documentação do estabelecimento e orientar o proprietário sobre a demolição da estrutura.
No domingo (8), a Defesa Civil descartou risco às residências vizinhas à loja. “Realizamos inspeções nos imóveis vizinhos, sem encontrar indícios de perigo para os moradores”, afirmou o coordenador do órgão Luíz Dell’Acqua.
Com o fim do trabalho de combate ao incêndio, o trânsito na Rua Itália (R.7), próximo à Igreja São Geraldo, foi liberado nos dois sentidos.
O RECOMEÇO
Com o apoio de amigos e funcionários, a loja deve ser reaberta nos próximos dias em um prédio menor e alugado, a poucos metros do atual. “Vamos recomeçar do zero, comprar um computador, caixa, prateleira, pegar a mercadoria que sobrou e começar […] Imagino que não vai ser fácil, porque a equipe nossa é grande e agora temos uma estrutura física muito pequena. Então, vamos ter que dar um jeito de fazer a coisa andar, mas vamos fazer andar“, projetou otimista.
A loja foi fundada em 1997. Primeiro, em um espaço de 30 metros quadrados, depois em um local maior até chegar ao prédio atual. “A segunda casa é sempre melhor. A segunda conquista vai ser sempre a melhor. O que as pessoas estão nos motivando, nunca imaginei que tivesse tanta gente nos apoiando. É uma coisa inimaginável“, disse.
“Depois de uma catástrofe, o renascimento é muito maior. Conforme um amigo meu disse: ‘os países que sofreram guerra estão muito mais fortes do que as pessoas que não sofreram guerra’. Então esse é o nosso momento de crescimento”, concluiu.