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CotidianoVícios e problemas familiares acompanham moradores de rua

Vícios e problemas familiares acompanham moradores de rua

Segundo Secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Araraquara tem cerca de 80 pessoas em situação de ruas

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O baiano Breno está em situação de rua em Araraquara: ele quer sair dar ruas e voltar para casa (Foto: Amanda Rocha)

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Desemprego, vícios, falta de estrutura familiar, desilusão amorosa, transtornos mentais, são vários os motivos para uma pessoa ficar em situação de rua. 

Na última semana de janeiro, a prefeitura de São Paulo divulgou que o número de moradores de rua na cidade cresceu 31% durante a pandemia de covid-19. 

Já em Araraquara, de acordo com Jackeline Pereira Barbosa, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, não houve crescimento no número de moradores de rua, devido aos programas sociais oferecidos pelo município. Ela disse que hoje a cidade tem cerca de 80 moradores de rua. 

“Programas municipais, como o aluguel social, acabam garantindo questões como a vulnerabilidade econômica. Por isso, não temos famílias nas ruas como em São Paulo, que recebe pessoas do país inteiro, a demanda é muito alta”, explicou a secretária. 

Segundo Jackeline, o programa Locação Social, que atendia pouco mais de 20 famílias, aumentou a cobertura para 130 núcleos familiares. 

Para ela, é esse tipo de oferta de atendimento, não somente desse serviço, mas de outros, como o Programa de Incentivo à Inclusão (PIS III) Frentes da Cidadania e o Bolsa Cidadania, que faz com que o número de moradores de rua se mantenha reduzido a um perfil específico em Araraquara. 

Ela ressaltou que os beneficiários do programa Locação Social têm oferta de moradia até estruturar e planejar sua vida, podendo em alguns casos renovar o contrato em até no máximo 2 anos. 

“A grande maioria das pessoas em situação de rua tem problemas com dependência de substâncias psicoativas, conflitos familiares e também transtornos mentais. Inclusive, algumas vêm de outros municípios”, relatou Jackeline. 

VÍCIOS
O araraquarense Carlão tem 52 anos e vive em situação de rua na região do bairro do Carmo. Ex-atleta, ele se afundou no vício de álcool e drogas após uma desilusão amorosa aos 30 anos. 

A família dele tenta trazê-lo de volta para casa, mas o vício fala mais alto. Dependente de álcool, Carlão tem convulsões sem a bebida. Ele já chegou a beber álcool de posto de combustível. 

“Na verdade não consigo me firmar em lugar nenhum. Já joguei bola, fazia academia, atletismo, fisiculturismo, já joguei até na Ferroviária. Hoje eu só um velho discriminado. Oportunidade eu tive mas não soube aproveitar, a culpa é minha”, comentou. 

Ele sobrevive pegando reciclagem pela cidade. “Acho humilhante pedir, eu tenho meu carrinho de reciclagem e vivo assim. Não tenho maldade no meu coração”, contou. 

Pedro* tem 46 anos e é outro araraquarense em situação de rua. Dependente químico e de álcool desde a adolescência, perdeu o vínculo familiar após os abusos com drogas ao longo dos anos. 

“A droga faz a gente inventar coisas e mentir muito e as pessoas perdem a confiança na gente. é muito difícil recuperar a confiança de novo”, apontou. 

Autônomo, ele disse que precisa de um emprego para conseguir abandonar a vida nas ruas.
“Sei fazer de tudo, posso trabalhar com qualquer coisa. Fiz vários diplomas no centralizado, de pedreiro, eletricista, instalador, eu tive na juventude uma vida promissora, mas a droga me desviou”, explicou.

Ele contou que a família tentou ajudar e chegou a interná-lo várias vezes contra a sua vontade. Devido aos seus problemas com as drogas, a família tem medida protetiva contra ele. No ano passado, Pedro chegou a ser preso devido ao descumprimento da medida. 

“Faltou eu querer me ajudar, porque minha família tentou. Mas agora estou mais confiante, minha irmã quer me levar para o CAPS. Muitos tratam a gente igual a lixo nas ruas, a gente é menosprezado. Não é uma vida boa, tem muita maldade”, refletiu.  

Pedro sabe que antes de conseguir um emprego é preciso de desintoxicar. “Quero sair dessa vida e ter um futuro promissor”, reforçou. 

NOVOS CAMINHOS
A secretária Jaqueline acrescentou que pessoas em situação de rua também são atendidas, acompanhadas e monitoradas pelas equipes técnicas da Proteção Social Especial da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. 

Segundo ela, o “Comitê Novos Caminhos” estabelece diretrizes e atua de forma intersetorial com a participação de várias secretarias municipais, como Educação, Saúde, Direitos Humanos, Segurança Pública, Cultura, Esporte e Desenvolvimento Urbano, entre outras, nos encaminhamentos junto a essa população, inclusive em parceria com as Organizações da Sociedade Civil, com vistas à emancipação social e inclusão produtiva. 

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social também oferece atendimento à população em situação de rua através da Casa de Acolhida, Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua Centro POP e Serviço Especializado em Abordagem Social. 

Além de realizar atendimento diário às pessoas que procuram os serviços, a equipe de abordagem social atua nas ruas, visando sensibilizar esta população para que aceite o acolhimento e demais serviços oferecidos.  

DE VOLTA PARA CASA

Breno veio do Bahia para Araraquara no final de 2021 após problemas com a família. Ele tem apenas 19 anos e já havia ficado em nas ruas de Feira de Santana, em Salvador. 

“De lá pra cá foi só destruição na minha vida, na rua a tendência é só piorar, quem quer melhorar tem que sair. Eu comecei a beber muito e usar droga para esquecer meus problemas e aliviar a dor. Estou com saudades da minha mãe”, contou. 

Mas a saudade vai acabar e Breno deve retornar para a Bahia em fevereiro. Através de uma rede solidária do comerciante Ednan Dalle Piagge, uma passagem para Salvador será comprada.  

Ednan é responsável pelo notável projeto Geladeira Solidária em Araraquara, e atende várias pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social do município. 

“O que mais quero é voltar pra casa, me alivia saber que vou voltar, alivia meu sofrimento. Minha cabeça está a milhão, me sinto culpado por ter desobedecido a minha mãe, me arrependo por ter largado a escola. Ser ler e escrever, fiz até a 6ª série”, comentou Breno. 

ABORDAGEM
A secretária ressaltou ainda que aceitar atendimento é fator fundamental para atuação das equipes do Centro Pop, Abordagem Social e Casa de Acolhida. 

O atendimento é realizado tanto na unidade Centro Pop, quanto por abordagem das equipes durante dia e noite, quanto pela Casa Acolhida. 

A abordagem possui cronograma de ação desenvolvido a partir do mapeamento dos locais de concentração desta população e também pode ser solicitada através dos telefones (16) 3331-2313/3334-2253 (diurno) e 3336-7510 (noturno). 

Há também no município a Associação São Pio e a Instituição Sacrário de Amor, que também executam o serviço de acolhimento para a população em situação de rua.

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