Há dois meses, vigilantes terceirizados que prestam serviço para a prefeitura de Araraquara estão sem receber o vale alimentação. O portal acidade on conversou com três funcionários da Gaps Segurança que preferiram não se identificar.
Além de não receberem o benefício, eles também relataram atrasos no salário. Na última quinta-feira (26), por exemplo, foi paga a segunda parcela do vencimento referente ao mês de abril.
O 13º salário também não foi pago integralmente pela Gaps Segurança. A segunda parcela foi dividida em duas vezes, em março e maio.
“Esta situação sempre aconteceu, principalmente, para quem presta serviço em órgãos da prefeitura. Mas se agravou agora”, disse um vigilante de 31 anos.
Ele mencionou que a situação só não é pior porque tem a ajuda da esposa com as despesas da casa. “A gente conta com o ticket para fazer a despesa. Sem ele, precisa tirar o dinheiro de outro lugar, cartão de crédito, deixar de pagar outra conta. Você dá seus pulos, outros jeitos. A pessoa que só trabalha na empresa e que é a provedora da casa, passa fome”, desabafou.
Um funcionário, 36, lembrou que o pagamento sempre foi feito regularmente, mas que a situação mudou no último mês. “Atrasava o ticket, mas o pagamento era em dia. A gente não consegue planejar nada, vive um dia após o outro. O amanhã a gente não sabe”, afirmou.
Segundo ele, falta comunicação por parte da empresa para explicar o porquê dos atrasos. “A gente trabalha às escuras, não tem outra alternativa, tem que trabalhar e rezar para cair o dinheiro”, disse.
“Não tem muito o que fazer, está à mercê desta situação e a desculpa é sempre a mesma: de que a prefeitura não pagou”, completou.
Para outro vigilante, 34, é uma situação “humilhante para quem tem filho e família”. Ele disse que a empresa não dá nenhuma satisfação sobre o que está acontecendo.
“No próximo mês, a gente não sabe o que vai acontecer. Era obrigação pagar no quinto dia útil”, afirmou o funcionário.
Ele explicou que está tentando gastar o mínimo possível, mas que mesmo assim tem dívidas. “A gente tenta equilibrar, mas chega uma hora que não dá mais. O cartão de crédito não espera também”, finalizou.
Para o primeiro funcionário ouvido pela reportagem, o sentimento é de impotência. “Eu chego todo dia no horário, cumpro as horas predeterminadas, quando a empresa precisa, estou à disposição fora do meu horário. Sempre faço o meu trabalho, não fico doente, não vou atrás de atestado. Mas a empresa parece não se importar com o nosso trabalho. Na verdade, a gente se sente impotente, parece que somos apenas um número”, concluiu.
FALA, EMPRESA
Procurada pela reportagem por e-mail e telefone, a empresa não se manifestou sobre o assunto.
FALA, PREFEITURA
A prefeitura de Araraquara esclareceu que não há notas vencidas com a empresa de vigilância Gaps. “A Prefeitura reforça que está ciente de sua responsabilidade de fiscalizar a adequada prestação dos serviços públicos e manutenção dos postos de trabalho, entre outras questões pertinentes. E sempre que essas situações chegam ao conhecimento da área administrativa, as medidas cabíveis são adotadas imediatamente”, disse por nota.
Ainda segundo o município, “é importante também que os trabalhadores levem essas questões trabalhistas ao conhecimento do sindicato da categoria e ao Ministério Público do Trabalho, que são os órgãos responsáveis pela fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista vigente”.
Sobre a reclamação dos vigilantes, a Secretaria Municipal de Educação, responsável pela gestão do contrato com a terceirizada, disse que entrou em contato com o departamento jurídico da empresa e foi informada que, nesta terça-feira (31), serão realizados os pagamentos dos vales refeição e alimentação.
