Umas das formas de analisar os impactos da pandemia na economia local é observar a quantidade de estabelecimentos disponíveis para venda e locação. Nas duas principais ruas comerciais de Araraquara, são 49 pontos têm placas de imobiliárias.
Do total de locais para venda ou locação, 29 estão na Rua Nove de Julho e o restante na Rua São Bento. A reportagem considerou apenas os estabelecimentos com placas de imobiliárias.
O número é 226% maior do que foi registrado em maio do ano passado, em outro levantamento da CBN. Na ocasião, eram 15 estabelecimentos.
Segundo Pedro Tedde, proprietário de imobiliária, é perceptível o aumento de devolução de imóveis, registrado nos últimos meses.
“Algumas atividades comerciais e de serviços que estão tendo queda drástica de faturamento. Um caso que acompanhei, de uma lanchonete na Rua Nove de Julho, que eram locatários nossos há 23 anos, e há duas semanas devolveram o prédio”, diz Tedde.
O shopping Jaraguá também foi afetado e já soma um prejuízo superior a R$ 1 bilhão. Em 12 meses, o empreendimento perdeu 23 lojistas; praticamente 2 lojas fechadas por mês.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Araraquara (ACIA), José Janoni Junior, a situação é ainda mais delicada, já que este é apenas um recorte do problema.
“Temos outras avenidas na região central e outros bairros com muitas empresas falidas. Cada loja fechada é ao menos duas famílias prejudicadas”, diz Janoni.
Alexandre Borsari é proprietário de outra imobiliária. Ele aponta outro fator que também indica a crise no setor: a inadimplência.
“Elas [as empresas] simplesmente falam que não tem mais jeito, não tenho como pagar. Ano passado fizemos muitas negociações, mas este ano muitos imóveis entregues e aumento da inadimplência de aluguel”, diz Borsari.
Por conta das restrições, o comércio está operando apenas no sistema drive-thru, delivery e take away. Mas para o sindicato do Comércio Varejista de Araraquara, a renda gerada deste modo é “insignificante”.
Em entrevista ao portal ACidadeON Araraquara, o presidente do Sincomércio, Antônio Deliza Neto, defendeu a retomada presencial dos atendimentos.
“Estamos há quase 45 dias com as empresas fechadas. É muito difícil essa situação qie está insustentável”, reforça.