O reajuste de 18,8% no preço dos combustíveis já impacta diretamente a vida de quem trabalha com o carro.
Os motoristas de aplicativos já sentem o reflexo desse aumento no dia a dia. Em Araraquara, a motorista Luciana Rodrigues da Silva conta que por causa do valor do combustível os profissionais serão obrigados a escolher a corrida para não ficar no prejuízo, com isso, o tempo de espera do passageiro vai aumentar.
“Está bem complicado, e foi o que conversei bastante com os passageiros no final de semana,. Porque não dá pra aceitar qualquer corrida, tem corrida que não vai dar mais pra fazer, e não compensa fazer pelo valor que está o combustível e custo do nosso km, vamos ter que selecionar bem as corridas”, observou.
Trabalhando nesse ramo a quase três anos, a Luciana gastava em média entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil por mês com combustível.
Após o reajuste, ela estima que essa conta vai chegar perto dos R$ 3 mil mensais. Ela afirma também que outros fatores ainda acabam incidindo no custo.
“Tem que ter muita cabeça porque senão as pessoas vão parar mesmo, porque é manutenção, seguro de carro, não é só a parcela do carro, tem nossa a alimentação na rua, tem muitos outros gastos além do combustível”, avaliou.
CLIMÃO
A presidente da Cooperativa de Transportes de Araraquara (Comapa), Kátia Anelo, conta que o clima entre os motoristas é de desolação com mais um aumento no preço dos combustíveis.
Uma vez que, segundo ela, as grandes plataformas não reajustam o valor das corridas repassado aos motoristas.
“O que já era prejuízo vai ser tornar totalmente inviável, então muitos já estão usando um termo de despedida que não estarão mais na área na próxima semana. Eu acredito que vai piorar, tem muita gente aborrecida e desesperada, porque muitos ainda precisam quitar dívidas da pandemia e não tem para onde correr, a verdade é essa”, observou.
O economista e comentarista da CBN Eduardo Rois Morales Alves disse em entrevista a CBN que a política de preços da Petrobras alinhada ao mercado internacional é a principal causa dos sucessivos reajustes no preço da gasolina.
“A questão fundamental e o centro da questão é a política de preço da Petrobrás, porque ter uma política de preço aliada ao mercado internacional não resta outra forma senão repassar a referência do preço internacional . Se sobe no exterior automaticamente ajusta o preço internamente”, apontou.
Em nota divulgada a imprensa a Uber afirmou que vai reajustar o valor do repasse aos motoristas em 6,5% depois do aumento da gasolina. A 99 anunciou o reajuste do km rodado em 5%, em todas as 1,6 mil cidades do país onde opera, e afirmou que “não haverá aumento para os passageiros neste momento”.