O PIX facilitou muito as transferências bancárias. Basta um código, que pode ser número de celular, CPF, CNPJ, e-mail ou chave aleatória, para que um pagamento seja realizado. Ainda mais na pandemia, em que muita gente prioriza compras por delivery e pagamento sem contato, o PIX é realmente muito prático. Essa praticidade, porém, também serve para os golpistas.
São vários os tipos de golpe aplicados para convencer alguém a fazer um PIX. O mais comum é aquele em que o golpista invade uma conta de Whatsapp e chama alguns amigos e parentes dizendo que está tentando pagar uma conta ou fazer uma transferência, porém o aplicativo do banco está fora do ar. A vítima, então, se oferece para ajudar e acaba realizando uma transferência para a conta do estelionatário.
Também existe o golpe da venda. A pessoa vê um anúncio de algum produto à venda nas redes sociais, negocia pela internet e acaba fazendo a transferência antes mesmo de pegar o que comprou, descobrindo só depois se tratar de um golpe. O PIX é uma transferência que cai na hora, então muitas vezes o estelionatário saca o valor logo em seguida, deixando a vítima praticamente sem opções de reverter o erro.
Um dos golpes aplicados recentemente funciona assim: o golpista agenda uma transferência para uma conta cuja chave é um número de telefone. Depois, liga para esse número e explica que fez o PIX errado e pede o dinheiro de volta, dizendo ter urgência para realizar um pagamento. A vítima vê que tem um valor a mais na conta e o registro da transferência no extrato bancário. Os mais desatentos podem acabar caindo e realizando o “PIX de volta”, porém, aquela transferência foi agendada. Então, assim que o dinheiro “é devolvido”, o golpista cancela o agendamento.
DICAS DE SEGURANÇA
Para o coordenador do Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) de Araraquara, Rodrigo Martins, a transferência via PIX é algo rápido e prático, sendo que muita gente tem acesso a esse recurso de forma simples, pelo celular. “Está tudo muito fácil, antes de fazer qualquer transferência é preciso se certificar daquilo que está sendo feito”, avalia.
Rodrigo ressalta que o golpe em si não está no PIX. “O golpe está em volta de uma relação que a pessoa possa ter tido ou venha ter. Os golpistas se aproveitam disso. Não é o PIX o objeto do golpe, está sendo apenas a forma de extorsão. É como se fosse o pagamento de um boleto falso ou a transferência na conta de alguém”, diz.
Para evitar cair em golpes, é preciso ter atenção redobrada na hora de realizar a transferência. “O PIX nada mais é do que uma transferência bancária. As pessoas têm que ficar atentas às transações que estão realizando. Relacionado a uma compra, por exemplo, a pessoa tem que se certificar de que a chave PIX é relativa àquela pessoa com a qual ela está fazendo a transação comercial”, orienta.
No caso de familiares que entram em contato pedindo uma ajuda com a transação, a dica é ligar para pessoa ou fazer uma chamada de vídeo para garantir que aquele pedido está sendo feito pela pessoa mesmo, não por um golpista usando outro nome. “Nunca fazer um PIX sem saber o porquê, sempre se certificar de que está fazendo um pagamento e para alguém que você conhece”, afirma.
O whatsapp tem um recurso de confirmação em duas etapas, que adiciona uma camada extra se segurança à conta, por meio de uma senha. O Instagram também tem o mesmo recurso. Veja no site oficial do Whatsapp como deixar sua conta com dupla proteção.
PIX DE RESGATE
Recentemente, mais dois casos inusitados envolvendo PIX foram registrados em Araraquara. Um carro foi furtado, deixado em via pública e o autor do crime ligou para a vítima, solicitando um PIX no valor de R$ 1 mil para passar a informação de onde o carro estava estacionado. Neste caso, a Polícia Militar acabou encontrando o veículo antes mesmo da vítima receber a ligação pedindo o “resgate”.
Algo parecido ocorreu com uma advogada, que teve sua conta de e-mail invadida por um golpista. Ele solicitou um PIX no valor de R$ 2 mil com a ameaça de que apagaria todos os e-mails de trabalho da profissional, que usava a conta há anos. Como a transferência não foi feita, os e-mails realmente foram excluídos. Nesses casos, é sempre indicado procurar a Polícia Militar e realizar um boletim de ocorrência para receber a orientação correta para cada caso.