Absurdo. É desta forma que a atendente de lanchonete Naiara Cristina Fernandes resume o preço dos produtos nas prateleiras dos supermercados. Em apenas cinco meses, a cesta básica ficou R$95 mais cara, em Araraquara.
“Tudo muito caro. O que a gente comprava bastante com R$100, hoje, não compra mais nada. Tá difícil”, disse.
A Naiara não está errada.
Pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomércio mostrou que somente, entre abril e maio, a cesta básica ficou R$10,37 mais salgada. No período, todos os grupos de produtos encareceram.
Hoje, o consumidor gasta, em média, R$940,20 com itens básicos. O valor representa 77% do salário mínimo – de R$ 1.212,00.
“O custo de vida está muito alto. O salário não acompanha a inflação”, desabafou a aposentada Silvia Martins. “Eu vinha no mercado toda semana, agora, a cada 15 dias”, completou.
Segundo pesquisador, Icaro Zancheta, a trajetória altista no preço dos itens de alimentação continua causando preocupação. “A forte elevação nos custos de produção das lavouras brasileiras, a menor produtividade das safras em decorrência dos problemas climáticos e o incentivo às exportações motivadas pelo câmbio valorizado são alguns dos fatores que pressionam os preços pelo lado da oferta”, disse.
“Por outro lado, o consumo interno segue restrito em função da queda do poder aquisitivo dos consumidores e da atividade econômica enfraquecida”, completou o especialista.
O QUE SUBIU
No acumulado dos últimos 12 meses, o custo total da cesta foi de 18%, ou seja, encarecimento de R$ 143,28.
“Está complicado, é um absurdo. A gente tem que trocar por algo mais acessível, uma marca mais em conta para tentar atender todo mundo”, comentou o empresário Israel Mauricio Soares de Campos.
Em maio, o grupo de limpeza doméstica apresentou elevação de 4,11% em relação a abril. Na sequência, aparecem os itens de higiene pessoal, que subiram 1,48%, e os de alimentação, com inflação de 0,83%.
No mesmo mês, os produtos com maior variação percentual foram: cebola (39,1%), salsicha avulsa (8,4%), queijo muçarela (6,8%), leite em pó (6,5%) e sabão em pó (6%).