Tem muita gente desempregada e com as contas atrasadas. E o pior: sem perspectiva de entrada de dinheiro. Essa é a realidade que atinge cerca de 32% da população araraquarense. Há meses, as contas não fecham na casa da desempregada Crislei Lopes Lima. São seis filhos e uma neta que dependem dela!
“Dá um angustia, porque falta de dinheiro para pagar as contas. Crianças pequenas e todo mundo desempregado”, diz ela.
A única renda da casa vem de um benefício do INSS no valor de um salário mínimo. Sem emprego, a situação complicou e as contas só crescem. Já são sete contas de água atrasadas e quatro de energia elétrica. Ou paga as contas ou coloca comida na mesa. “Não tenho de onde tirar pra pagar estas contas e o valor só vai aumentando”.
Em Araraquara, a quantidade de endividados é grande. A cada 100 pessoas, 32 estão com o nome sujo, o que dá um total de 75.611 araraquarenses que não estão conseguindo pagar as contas em dia. O endividamento vai além das contas atrasadas. Tem haver, também, com a falta perspectiva para pagar as contas futuras. O acúmulo de dívidas, mês a mês, se transforma em um enorme problema para o orçamento familiar.
Esse cenário tende a pior nos próximos meses de acordo com o economista Paulo Cereda. Para o Banco Central, é inadimplente quem tem dívidas vencidas há mais de 90 dias. “Até 30 dias é atraso, acima de 90 dias é dívida. Levando em conta o cenário que temos hoje este endividamento deve aumentar”.
Eulália Nalim da Silva é outra pessoa com dívidas em Araraquara, Ela está com as contas atrasadas porque também prefere priorizar a compra de alimentos. Na casa dela moram quatro crianças e três adultos, que estão desempregados.
No ano passado, o auxílio emergencial no valor de R$ 600 ajudou bastante, mas neste ano só a filha dela conseguiu benefício novamente. O valor será pouco mais da metade do que receberia, cerca de R$370. “A situação está muito difícil, já vieram pra cortar a luz”.
O economista Paulo Cereda diz que a pandemia acertou em cheio os setores produtivos, serviços e comércio que tem influência direta neste cenário.
“Hoje a grande variável para melhora econômica é tão rápido vamos conseguir vacinar a população. Quanto mais tempo fechado, mais difícil retomar depois”, diz ele.