A estiagem prolongada tem preocupado o sindicato Rural de Araraquara e os pequenos agricultores. A falta de chuva castiga as produções, aumenta o custo e eleva o preço dos produtos.
O presidente do sindicato, Nicolau de Souza Freitas, lembra que, em 2021, além da ausência da chuva, as geadas afetaram a produção. “A gente esperava que neste ano tivéssemos mais chuva, mas ela acabou parando muito cedo”, ressaltou à Rádio CBN Araraquara.
O plantio de cana já apresenta problema no processo de germinação e os pequenos produtores da região já contabilizam prejuízo aproximado de 10%. No caso da laranja, ainda não há certeza de como serão as produções.
“No setor de cana, houve uma queda de mais de 10% na safra passada que deve refletir na safra deste ano. A rebrota dos canaviais não ocorreu de maneira uniforme e as canas que já tinham brotado queimaram”, explicou.
Segundo o agrometerologista da Unesp, Glauco Cortez, os problemas no clima são resultados do fenômeno natural chamado La Ninã.
“A gente deve analisar as condições macroclimáticas, principalmente, da característica La Ninã, que é formação de zonas de resfriamento do pacifico. Por ser uma área muito grande, ela altera o comportamento climático de muitas regiões do globo, inclusive a nossa. Com relação a La Ninã, realmente, será um inverno seco e devemos viver uma situação muito semelhante a que vivemos em 2021”, apontou.
A Administração Americana de Oceano e Atmosfera disse que a chance da La Niña avançar por todo ano de 2022 e chegar ao início de 2023 é cada vez maior. Inclusive, o cenário ruim do ano passado pode se repetir em 2022.
SEGURO
Mais de 81 mil produtores afetados pela seca acionaram seguro ou o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) na safra de verão, segundo dados do governo federal.
De acordo com Nicolau de Souza Freitas, o seguro é uma alternativa, mas é caro. Por isso nem todos podem usar esse recurso. “O prejuízo da seca e da geada, você só consegue amenizar com o seguro agrícola. Mas esse seguro é inviável, é muito caro. Então, o produtor acaba ficando no prejuízo, pois não se sente confortável para pagar um seguro no preço que está”, explicou.
Para o agrometeorologista, planejar o processo de irrigação e apostar no escalonamento são maneiras de minimizar os efeitos da estiagem.
“Se o produtor planejar a sua área de cultivo, é possível ter uma irrigação. Mesmo irrigação simples, aquela por gotejamento, para não deixar que o solo fique muito seco. E os produtores podem trabalhar com o sistema de escalonamento do plantio dessas culturas.