O preço do combustível segue pesando no bolso do consumidor de Araraquara e o litro da gasolina chegou a R$ 7,20, enquanto o custo do litro do etanol bateu R$ 5,40.
O maior valor encontrado pela reportagem foi em posto de combustível com bandeira da Petrobras, localizado na Vila Xavier. Lá o etanol saia por R$ 5,40 e gasolina por R$ 7,20.
Em outro ponto, na Alameda Paulista, a gasolina custava R$ 7 e o etanol R$ 5,15. Na Avenida Luiz Alberto, encontramos o valor mais barato: R$ 5,17 pelo etanol e R$ 6,87 da gasolina.
Também foi possível encontrar postos bem próximos com preços diferentes. Na Avenida Bento de Abreu, um bandeirado cobrava R$ 5,30 pelo etanol e R$ 7 pela gasolina.
No outro lado da rua, o valor dos combustíveis era completamente diferente: R$ 5,19 pelo etanol e R$ 6,77 para gasolina. Já outro bandeirado da Bento cobrava: R$ 5,29 e R$ 6,99.
PESADO NO BOLSO
Com o valor cada vez mais elevado, o consumidor enfrenta dificuldade para equilibrar o orçamento familiar e dar conta de encher o tanque para usar o veículo.
“Caríssimo, dependo do carro para a mulher doente ir ao médico, é um absurdo. A opção é o etanol, mas R$ 50 no máximo. Tudo pingado, dia sim, dia não tem que colocar R$ 50 e o pagamento vai todo na gasolina”, avaliou o pedreiro, Roberto Vitor Silva, de 60 anos.
A vigilante Jane Degrossi, de 43 anos, explicou que abastece há quase 10 anos no mesmo posto devido à qualidade do combustível, mas disse sentir a carestia pesar no bolso.
“Estou abastecendo menos, procurando sair menos com o carro, não tem como sair para abastecer toda hora, está complicado mesmo”, considerou.
Quem também não vem enchendo o tanque do veículo é a ajudante de produção Regiane Fuzari, de 33 anos. Ela contou que vem usando o carro só em casos de necessidade.
“Estamos colocando picado, não tem como. E o carro mesmo é só em caso de necessidade. Agora estou indo no mercado e precisa ir de carro”, opinou.
PREÇO INTERNACIONAL NÃO AJUDA
Na avaliação do economista Eduardo Rois Morales Alves, o aumento no preço internacional do barril do petróleo é fator decisivo para esses sucessivos reajustes no Brasil.
O especialista pontuou que após o controle da pandemia da covid-19 e retomada da atividade econômica, não foi ampliada a oferta de combustíveis conforme a demanda.
Outro fator reforçado por Morales Alves é o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia, visto que os russos são exportadores de energia, em especial petróleo e gás.
“Você tem um valor elevado e aqui dentro, o Brasil e a Petrobras desde 2016 adotam o chamado preço de paridade de exportação, ou seja, o preço internacional vigora”, disse.
“Toda variação de preço internacional, pois vem crescendo e aumentando no mundo inteiro, é repassada ao consumidor brasileiro e isso explica a alta persistente”, completou.
Questionado sobre alternativas para o consumidor driblar a carestia dos combustíveis, o especialista considerou ser difícil, visto que o item possui baixo efeito de substituição.
“Quando aumenta demais a carne bovina, você tem opção do frango, sendo um substituto mais barato. Nos combustíveis, gasolina e etanol são substitutos, porém, quando um sobe o outro aumenta também, pois são preços atrelados”, destacou.
Para Morales Alves, a opção é reduzir o uso do veículo automotor, ou até mesmo buscar alternativas de transporte mais eficientes, ou o transporte coletivo.
“Não tem muito outra alternativa se não usar menos o transporte individual, sobretudo, automóvel, que gasta mais gasolina ou etanol, e adotar o transporte público, que não está barato, mas ainda sim, mais em conta”, concluiu.