O novo valor do diesel tem preocupado empresários do setor de transportes de Araraquara. O combustível ficou 8,87% mais caro nas refinarias, a partir desta terça-feira (10), e está custando R$4,91 o litro.
Segundo a Petrobrás, o aumento acompanha o preço de mercado. Nos últimos 12 meses, o diesel acumula alta de 47%.
O Vicente Follone trabalha com fretamento de ônibus. Segundo ele, o diesel representa cerca de 50% dos gastos da empresa.
“Você não tem como repassar totalmente, então, está sempre tirando do patrimônio, diminuindo a margem de lucro. Está chegando a um ponto em que vai ficar insustentável manter a empresa aberta”, disse.
O empresário atua no segmento há 25 anos. Atualmente, são 14 ônibus rodando para atender contratos com o poder público e fazendo viagens de turismo.
Para manter o negócio funcionando, Vicente Follone tem cortado custos. Ele, inclusive, precisou vender parte do seu patrimônio. “Para poder manter os funcionários, manter a empresa legalmente com recolhimento de impostos”, explicou.
O Moacir Lemos é gerente de uma transportadora, no Distrito Industrial. Segundo ele, os combustíveis consomem a maior fatia do bolo das despesas.
Por conta dos sucessivos aumentos, a empresa tem deixado de fazer investimentos. “Inibe a empresa de aumentar a frota, contratar funcionários. A gente não tem capital para poder ampliar o negócio”, pontuou.
IMPACTOS
Segundo o economista Eduardo Rois Morales Alves, o diesel, muitas vezes, é o principal componente da planilha de custos das empresas. Ou seja, os reajustes comprometem a rentabilidade e a lucratividade da atividade logística.
“O aumento excessivo do combustível tem causado prejuízos, visto que muitas empresas não conseguem repassar integralmente aos preços o aumento dos custos”, explicou.
Este é o caso do Vicente que, desde 2019, não consegue reajustar contratos com o poder público. Segundo ele, neste período, o custo com o diesel mais que dobrou.
Mesma realidade encarada pelo Moacir. Para ele, a falta de previsibilidade em relação ao valor do combustível é o que mais compromete o negócio.
“É aquele contrato, você ganha independente do seu custo. Nós tivemos o reajuste hoje e não se sabe se até o final de semana sobe de novo. Você não consegue mensurar o que vai acontecer daqui três dias”, finalizou.
INFLAÇÃO
Outro impacto é na logística de distribuição de mercadorias. Com as empresas gastando mais com o combustível, o custo da atividade fica maior e, consequentemente, o produto chega ao consumidor com valor elevado.
Eduardo Rois avaliou que o aumento deve pressionar ainda mais a inflação. “60% do volume de carga transportada no Brasil é feita por rodovias, por caminhões que, invariavelmente, consomem óleo diesel. O combustível mais caro, certamente, é gatilho poderoso para a inflação de maio e dos próximos meses”, explicou.
Ainda segundo o economista, a característica de modal essencialmente rodoviário torna o repasse desses custos logísticos aos produtos absolutamente inevitável. “O encarecimento de insumos e produtos finais, que em última instância vão rebater no bolso do consumidor”, finalizou.