Desde o último domingo (14), Araraquara passou a ter a tarifa de ônibus mais cara entre as cidades de mesmo porte no estado de São Paulo. O reajuste que elevou o valor da passagem para R$ 5,40 fez com que a cidade saltasse da segunda para a primeira posição.
O portal acidade on considerou os sete municípios do Estado que possuem entre 240 mil e 260 mil habitantes, segundo último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Até então, Cotia e Itapevi, municípios da região metropolitana de São Paulo, tinham a tarifa mais cara, de R$ 5,30.
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Com o reajuste, Araraquara, que é a cidade com menor número de habitantes, passou a ter a passagem mais cara. Por outro lado, Indaiatuba, que é a mais populosa, apresentou o transporte público mais barato. (Confira abaixo o ranking das tarifas.)
O especialista em trânsito e professor da USP (Universidade de São Paulo), José Leomar Fernandes Junior, explicou que o preço cobrado deve ser igual ao custo do serviço oferecido mais o lucro das empresas. Para ele, é uma equação é simples para um assunto complexo.
“Com características semelhantes, as cidades podem ser analisadas da seguinte forma: a que tem o menor preço/tarifa ou a que é mais eficiente porque reduz custos ou oferece lucros menores ou as duas coisas”, disse.
Ainda de acordo com o especialista, subsídios de prefeituras, por exemplo, podem ajudar a reduzir os custos para o usuário, ou seja, repassando os custos para a própria população através dos impostos. “Não tem refeição grátis”, afirmou.
Agora, subsidiar o transporte público, quando bem planejado, pode reduzir a tarifa e beneficiar muitos outros, como reduzir congestionamentos. Mas, precisamos de planejamento integrado e custo também tem relação com qualidade: pode ser preferível pagar um pouco mais e ter um serviço melhor”, completou.
Procurada para comentar o assunto, a prefeitura de Araraquara, que é a responsável por autorizar ou não os reajustes, não respondeu sobre o ranking. Em nota explicou apenas que o novo aumento seguiu previsão contratual e a inflação acumulada dos últimos meses. (Leia a íntegra da nota abaixo.)
USUÁRIOS DESAPROVAM
A atendente, Ana Carolina da Silva, de 26 anos, utiliza a linha do bairro Selmi Dei todos os dias. Ela disse que chega a esperar mais de uma hora para ir e voltar do trabalho todos os dias e que o novo valor pesa do bolso do trabalhador.
“Tem muito atraso, tanto no final de semana, quanto durante a semana. Por ser R$ 5,40 tem muita demora. A gente chega muito atrasada no serviço por conta da demora”, disse.
A mesma opinião é compartilhada pelo vendedor Julian Aron César Perriello, 35, que depende do transporte coletivo pelo menos três vezes na semana. Segundo ele, o valor cobrado é alto e não condiz com o serviço prestado.
“Tem dias que a gente não tem R$ 5,40 para comprar um pãozinho, quem dirá para andar de ônibus, tem que andar a pé ou deixar de fazer algo importante. Tiraram bastante ônibus das linhas e estão mais demorados”, afirmou.
MANIFESTAÇÃO
Na noite de segunda-feira (15), um grupo de estudantes protestou contra o reajuste no transporte coletivo e exigiu melhorias no serviço. Eles se concentraram em frente à Prefeitura, estenderam uma faixa com a frase “R$ 5,40 não dá” e depois percorreram as ruas do Centro.
“Entendemos que cada centavo a mais que aumenta priva as pessoas dos extremos da cidade, do Parque São Paulo, do Selmi Dei, de circularem pela cidade. E os R$ 0,40 não condizem com a qualidade do transporte que temos hoje em dia”, disse o estudante Guilherme Nogueira.
LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DA PREFEITURA
O reajuste da tarifa do transporte público coletivo do ano de 2023 de Araraquara, de R$ 5 para R$ 5,40, ou seja, de 8%, foi definido pela Prefeitura após reunião com Conselho Municipal de Usuários de Transporte Coletivo e ficou muito abaixo do valor solicitado pelo Consórcio Araraquara de Transporte (CAT), que opera as linhas na cidade, que, por meio de ofício protocolado ao município, propôs o valor de R$ 5 para R$ 7,60 (mais de 50% de reajuste).
O reajuste, que é anual, conforme o contrato com o CAT, foi definido com base em estudos de planilhas e teve como base o IPCA acumulado, o preço do diesel e reajuste de salário dos operadores no período.
O Conselho Municipal de Usuários de Transporte Coletivo aprovou o reajuste de 8% e apresentou demandas e sugestões de melhorias para o transporte coletivo público, incluindo solicitação de expansão de linhas e ampliações de horários, que já estão sendo implantadas.
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