O 19º Território da Arte de Araraquara chega em 2022 com a proposta de resgate sobre a identidade e raízes brasileiras, inspirada na obra de Macunaíma e na Semana da Arte Moderna de 22.
Após duas edições realizadas de modo virtual devido a pandemia da covid-19, o evento volta a ser presencial com abertura neste domingo (08), às 20 horas, no Palacete das Rosas.
VITRINE E DESTAQUES
Importante festival de arte contemporânea, o evento é uma vitrine local e nacional das artes visuais. Com cerca de 300 inscrições, o Território selecionou 36 artistas; entre os premiados e selecionados estão três araraquarenses.
O curador Lauro Monteiro comenta que a participação dos araraquarenses foi uma das mais significativas da história. Para ele, o projeto faz com que Araraquara esteja em um importante “podium” das artes visuais do Brasil.
“Com a rica produção nas artes plásticas araraquarense, que por conta de sua própria história está sedimentada, a participação de araraquarenses foi uma das mais significativas da história do Território das Artes, haja visto os destaques dos premiados, Milena Morvillo e Felipe de Moura, trabalhos significativos; outros que, por serem selecionados já são premiados, na minha visão, como por exemplo Jorge Morábito”, apontou.
MACUNAÍMA TRANSCENDENTAL
Para o curador, o fato da obra-prima do modernismo brasileiro “Macunaíma” – escrita por Mário de Andrade na Chácara Sapucaia – coloca Araraquara em equivalência ao que acontecia na Semana de Arte Moderna de 22 em São Paulo.
“A Semana de Arte Moderna de 22 acontecia em São Paulo, concomitantemente Araraquara vivia uma efervescência cultural, com a Escola de Belas Artes, com o nascimento da obra prima Macunaíma, escrita por Mário de Andrade, por ocasião de sua permanência na Chácara Sapucaia, em nossa cidade”, avaliou.
O tema proposto “A Procura de Muyrakytã” versa sobre as reflexões em torno da obra de Mário de Andrade e reverbera no pensamento atual sobre algumas questões brasileiras.
“São reflexões que transcendem a obra de Mario de Andrade, posicionando o pensamento atual a cerca de importantes questões brasileiras, como a fome, a discriminação racial, de gênero, dos indígenas – povos originário do Brasil; da história de um pais de colonização europeia e o imperialismo que nos assedia, por uma conta que se chama globalização”, refletiu.
SIGNIFICATIVO
Dos 36 selecionados, 30% são mulheres. Dos seis artistas premiados, apenas uma é mulher. Questionado sobre a baixa participação do sexo feminino nas premiações, o curador aponta que a participação dos homens nas artes visuais brasileiras é mais frequente por uma série de fatores.
“As mulheres participaram com obras muito significativas o que já é um prêmio ter sua obra selecionada. Acredito que a participação dos homens nas artes visuais brasileira é histórica, por uma série de questões, hábitos e costumes, que vem sendo, passo a passo quebrado ao logo dos tempos. A premiação de uma araraquarense é muito representativa”, avaliou.
ARTE É VITÓRIA
Monteiro apontou que já é uma vitória para Araraquara ter um programa efetivo cultural como o Território, em tempos tão instáveis na cultura no país.
“A arte é uma questão de saúde pública transcendendo a cultura e quem fizer uso desse critério de governança, o futuro será brilhante”, finalizou.
SERVIÇO:
As exposições do Território serão realizadas no Palacete das Rosas e também na Casa da Cultura Luís Antonio Martinez Corrêa, no período de 08 de maio a 05 de junho. Pintura, desenho, escultura, assemblage, vídeo arte e colagem fazem parte da mostra.
Toda a programação do Território da Arte é gratuita.