Ela tinha 13 anos quando viu pela primeira vez uma banda de metal. Era a icônica banda brasileira Sepultura. A partir daí, a social media Maria Clara Goé, a Bloody Mary, aprendeu a tocar baixo, e entrou de cabeça na cena de metal de Araraquara e do cenário (inter)nacional.
“Eu gosto de metal desde os 13 anos quando conheci o Sepultura num show, e senti ali abrindo várias portas pra mim. Comprei meu primeiro baixo nessa época e decidi que queria ser musicista”, comentou.
Mary tem 27 anos e fez de seu gosto musical uma vocação que pode ser conferida em entrevistas que realiza em seu canal “Bloody Mary“, onde mapeia bandas do gênero do Brasil e do exterior.
Semanalmente, ela entrevista bandas de rock em seu canal do Youtube, além de publicar em suas redes sociais, como o Instagram.
“Eu comecei a escrever sobre metal em há dois anos atrás quando fui redatora da Roadie Metal, e lá eu aprendi e criei gosto por escrever resenhas, notícias, e principalmente por entrevistar bandas”, contou.
Um dos pontos altos para ela foi a entrevista que realizou com a banda inglesa Paradise Lost, uma de suas bandas preferidas. A banda existe desde 1988 e é considerada uma das mais importantes do gênero “doom metal”, além de ter criado o estilo “gothic metal”.
“Foi a primeira internacional que fiz na vida, por telefone e em inglês com o Paradise Lost, que sou muito fã”, comentou Mary, que também é professora de inglês.
A rockeira também já apresentou as Seletivas do Araraquara Rock e foi apresentadora do primeiro festival voltado para mulheres do rock de Araraquara, o “Delas Festival”, realizado em dezembro de 2019.
“A ideia de contribuir mais com a cena sempre foi forte, e comecei a produzir eventos de bandas autorais em um bar local antes da pandemia”, lembrou.
ALMA METALEIRA
Que o rock ainda é um ambiente machista, isso é fato. Mas as mulheres vem quebrando barreiras e se impondo, seja com o talento em cima do palco, atrás das câmeras ou nas resenhas.
Neste ano, a “Bloody Mary” resolveu criar um site próprio, com identidade e focar ainda mais nas entrevistas – seja com bandas formadas por homens ou mulheres, o que importa é a qualidade e o “peso” do som.
“Eu vejo que aumentou bastante o número de minas liderando bandas, e tem surgido um movimento bem legal de apoio entre as mulheres da cena, uma incentivando a outra, apoiando e dando todo o suporte pra que todas cresçam juntas. Estamos ganhando mais respeito e credibilidade dentro da cena”, apontou.
Sobre possíveis resistências de bandas masculinas ela contou que às vezes acontece porém tira de letra os poucos inconvenientes.
“Sinto um pouco de resistência por parte de algumas bandas masculinas, mas sempre fui respeitada com o que faço, e percebo a felicidade de mulheres quando descobrem que a dona do canal é mulher também”, finalizou.