Você sabia que no dia 25 de maio é comemorado o Dia Internacional do Sapateado? Em algum momento da nossa vida, seja em um filme, show ou teatro já nos encantamos pelos movimentos dessa arte sonora e visual.
O sapateado é uma dança alegre, única e criativa que une movimentos e sons diferentes emitidos pelo choque da sola dos sapatos no chão, soando como um instrumento percussivo.
“É uma dança extremamente alegre, não que não possamos falar de coisas tristes através dela, porém tem uma vibração ímpar porque além de ser dança também se constitui música, porque é através dos pés que o sapateador proporciona movimento e som”, comenta a professora de dança Renata Pestana.
ORIGEM MISCIGENADA
A origem da dança é cheia de hipóteses, mas acredita-se que é uma arte secular, que começou com camponeses irlandeses ao longo do século 15. Naquele tempo, os camponeses usavam sapatos com sola de madeira que faziam barulho em contato com o solo, e a dança ficou conhecida como Irish Jig.
Há também a grande influência das danças africanas dos escravos, e também de trabalhadores ingleses nas fábricas durante a Revolução Industrial. Esses operários usavam sapatos de madeira e brincavam entre si durante os intervalos da jornada de trabalho, surgindo um novo ritmo dentro do sapateado: o Lancashire Clog.
“A dança se originou pela miscigenação dessas três raízes: a irlandesa, africana e norte americana junto com a revolução industrial”, lembra Pestana.
Mas foi no século 20 que a dança se popularizou com a lenda do sapateado, o negro norte-americano Bill “Bojangles” Robinson.
A data é uma homenagem ao seu dia de nascimento, 25 de maio. Ele inventou um estilo de dança com as pontas dos pés e até hoje é reverenciado.
“Essa data foi escolhida pra homenagear um dos maiores nomes do sapateado e o primeiro profissional negro, Bill Bojangles Robinson. Ele fez um marco na história por ser o primeiro sapateador negro a poder participar de uma gravação de um filme para brancos, numa época em que a segregação racial era muito forte nos Estados Unidos. Ele trouxe o sapateado para a meia ponta dando mais leveza para a técnica dessa arte”, comenta a professora de dança.
Hoje em dia, o sapato tem chapas de metal na parte da frente e no calcanhar produzindo sons percussivos ao tocar o chão.
QUEM QUER SAPATEAR?
Em Araraquara, a procura pelo sapateado sempre foi grande nas escolas de dança e a cidade tem tradição na formação de alunos. Muitos começam pela escola de Municipal de Dança Iracema Nogueira ou pelas Oficinas Culturais.
Foi o caso do professor de dança, Geraldo Pelegrino Junior, que tem como foco o sapateado. Ele começou ainda criança nas Oficinas Culturais e se encantou pelo mundo visual e sonoro da dança.
Hoje, ele participa de grandes eventos no Brasil, sendo reconhecido nacionalmente e internacionalmente na área. O bailarino também conduz o estúdio de dança Aflora e diz que a procura é grande.
“O sapateado em Araraquara sempre foi muito forte, desde que surgiram as oficinas culturais. Hoje temos turmas para todas as idades e temos muita procura. Não há idade limitante, pode ser executado por pessoas da terceira idade e tudo o mais”, conta.
Geraldo diz que não é necessário saber outras linguagens para fazer aula de sapateado, como por exemplo, ter a base do balé. “A dança fala por fala por si só, é uma vertente das danças urbanas, do hip hop, das danças rituais, dos escravos, tem uma percussão corporal muito grande”, informa.
Renata Pestana é professora da escola Municipal Iracema Nogueira e lembra também que o sapateado tem características únicas como a catira e o flamenco.
“Há muita procura na cidade, geralmente quem procura o sapateado quer algo mais dinâmico, ágil ou também como terapia e arte”, conclui.