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Lazer e culturaBem-vindo à Vila Luiza! Casa no Centro de Araraquara preserva 80 anos de história

Bem-vindo à Vila Luiza! Casa no Centro de Araraquara preserva 80 anos de história

Neste especial de aniversário, o acidade on conta a história do imóvel construído em 1944 e que ainda preserva as características da época

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ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

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Em meio a selva de pedras que se ergueu a sua volta, a Vila Luiza sobrevive. Construída em 1944, a casa que fica na Rua Padre Duarte, no Centro de Araraquara, preserva, até hoje, as características originais da sua construção.

Os degraus de tijolo que levam aos arcos na entrada, as pedras que calçam o quintal, as portas compridas com seus vitrais são alguns dos elementos que tornam o imóvel um patrimônio da cidade, mas que há quase 20 anos aguarda para ser tombado pelo COMPPHARA (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico).

Cercada por vasto jardim, a Vila Luiza ocupa uma área de 2 mil m². No quintal, uma árvore em especial revela que o tempo de fato passou por ali: uma enorme mangueira centenária que cresceu imponente em meio ao desenvolvimento da cidade.

A cristaleira, as estantes, mesas e cadeiras de madeira nobre ainda estão dispostas sobre o piso original, de taco. Na cozinha, os ladrilhos vermelhos e os azulejos de cor clara na parede mostram a resistência desta casa de quase 80 anos.

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Cada detalhe é minuciosamente cuidado pelo professor e empresário Omar Antônio Masiero Castellan, de 60 anos. “Praticamente, tudo é original. A parede a gente pintou, mas a estrutura da casa se manteve […] É difícil, mas a gente tenta preservar o máximo possível: o ladrilho, nós procuramos em casas mais antigas, as telhas também”, disse.

A casa, localizada no cruzamento com a Avenida São José, foi construída pelo pai de Omar, o senhor Orlando Elvio Castellan, que morreu em 2008. O nome foi uma homenagem a esposa Luiza Masiero Castellan, que faleceu há 22 anos.

O amor pela companheira, que era católica fervorosa, também está em uma gruta no jardim, desenhada por um arquiteto, e que abriga a imagem de Nossa Senhora de Lourdes.

A construção de estilo eclético tem um pé direito de 4 metros de altura, quatro quartos geminados, duas salas espaçosas, cozinha, copa e apenas um banheiro, além de duas varandas.

O muro baixo com telhas, cercado por um canteiro e um portão pequeno, de ferro, falam de um tempo em que a preocupação com a segurança nem era tão grande assim.

As pedras encontradas em toda construção são alguns dos elementos da época (Foto: Milton Filho/ acidade on)

O arquiteto e urbanista, Chico Santoro, explicou que o imóvel é um exemplar único na cidade e se difere das construções da década de 1940, principalmente, pela disposição da casa no centro do terreno e envolta pela vegetação.

“É um raro exemplar de uma característica diferente do que era feito na época. Até então, a maioria das casas era no alinhamento ou encostada no limite dos lotes e esta tem recuo de todos os lados. Isso é um diferencial a partir dos anos 1920”, disse.

Segundo ele, a Vila Luiza é uma junção de diversos estilos, com destaque para os beirais em estilo colonial. “É uma arquitetura eclética, que utiliza diversas soluções, de estilos, em um mesmo lugar, mas com alguma coisa do neocolonial, como o telhado aparente no beiral“, explicou.

UMA GRANDE FAMÍLIA

Omar contou que toda aquela região pertencia a seus avós, pais de 18 filhos, dentre eles a mais nova, Luiza. Quando todos se desfizeram da parte que lhe pertenciam, sua mãe decidiu continuar ali e construir seu lar e sua família ao lado do marido.

“A área abaixo da Avenida Djalma Dutra até quase a rodoviária pertencia aos meus avôs, que tinham uma fábrica de sabão. […] Após a divisão da chácara, minha mãe guardou o terreno dela, casou-se e meu pai construiu. […] Aqui na frente era tudo terreno dos meus familiares, com plantas frutíferas. Mas o pessoal foi vendendo e a história foi se perdendo”, lembrou.

QUALIDADE DE VIDA

Na Vila Luiza, o casal teve os quatro filhos, que cresceram cercado de muito verde e ao lado de alguns primos, com uma liberdade que é difícil encontrar nos dias de hoje.

“Eu vivia no barro, no riozinho. Era uma infância totalmente diferente, não tem mais. Passava boiada aqui na frente, eu ficava encardido o dia inteiro […]. Aqui não era nada asfaltado, era uma infância gostosa. Onde fica a marginal [Via Expressa] era um rio. A gente brincava aqui nos terrenos, era bem diferente”, lembrou.

O casal Orlando e Luiza após a construção da casa na década de 1940 (Foto: Arquivo Pessoal)

Embora cercado da modernidade atual, morar na Vila Luiza, além de conviver com toda história familiar, também é sinônimo de qualidade de vida: ‘uma terapia’, nas palavras do proprietário.

Mas, segundo ele, o silêncio de outrora é o que mais sente falta atualmente. “Aqui é silencioso, mas tem trânsito, poluição. Antes não tinha nada disso, era bem mais gostoso”, recordou.

PRESENTE E FUTURO

Hoje, apenas Omar e o irmão, Orlando Tadeu Masiero Castellan, 72, moram no imóvel e lutam para ele seja tombado como patrimônio histórico de Araraquara. “Eu acho que tem interesse histórico porque aqui no bairro não tem mais casas antigas e uma vegetação desta. [O tombamento] é pensando nas gerações futuras e em manter esta área verde preservada”, justificou.

Segundo ele, a grandiosidade da área em plena região central da cidade já despertou o interesse do mercado imobiliário. Mas, perder esta riqueza histórica e arquitetônica não faz parte dos planos do empresário.

“Volta e meia, aparece alguma imobiliária querendo construir prédios porque aqui está no Centro da cidade, mas nós temos muito carinho por tudo isto aqui, tem toda uma história, passou muita gente por aqui e a gente quer preservar“, justificou.

Procurado para comentar a demora na análise do pedido e os critérios para tombamento, o presidente do COMPPHARA, Joel Venceslau, não retornou aos contados da reportagem e aos pedidos de entrevista.

Até mesmo os móveis de madeira nobre estão preservados dentro da Vila Luiza (Foto: Milton Filho/ acidade on)

Para o futuro, Omar e o irmão não descartam doar o espaço para alguém que tenha interesse em mantê-lo como sempre foi. “Estou procurando quem gostaria em preservar, não precisa nem ser parente, pode ser um amigo, alguém que tenha bastante filho, que tenha consciência ecológica, que cuide”, definiu.

Chico Santoro, que também é membro do COMPPHARA, disse concordar com o tombamento. “Por ser um exemplar diferente, nem tanto pelo estilo, mas pela implantação, colocação da casa no terreno. É uma família que tem uma bagagem cultural porque é raro o próprio proprietário pedir o tombamento. É uma atitude importante de preservação“, opinou.

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Milton Filho
Milton Filho
Milton Filho é repórter da editoria de cidades do portal acidade on. Formado pela Universidade de Araraquara tem passagens pela CBN Araraquara, TV Clube Band e Tribuna Impressa. Acumula há quase 10 anos experiência com internet, rádio e TV.
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