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Liniker, cantora e atriz nascida em Araraquara, expressou sua decepção nesta quinta-feira (24) ao não ser convidada para a cerimônia do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, onde a série “Manhãs de setembro”, na qual ela protagoniza, foi agraciada como a melhor série brasileira de ficção. O evento ocorreu na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, em resposta, esclareceu que todos os finalistas são convidados nominalmente, porém, não cabe à academia escolher quem representará cada produção durante a premiação.
A produção, que atualmente está em sua 2ª temporada na plataforma de streaming Amazon Prime Vídeo, é um sucesso elogiado pela abordagem sensível e inclusiva das histórias da comunidade LGBTQIA+. Liniker desempenha o papel de Cassandra, personagem que ressoa com a sua própria jornada como artista trans e mulher negra.
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Nas redes sociais, a atriz celebrou o reconhecimento e a premiação da série, destacando sua importância não apenas pela narrativa, mas também por oferecer visibilidade a pessoas historicamente marginalizadas. Ela salientou como a série quebra barreiras ao permitir que uma atriz trans negra conte a história de outra mulher trans, ao lado de uma equipe diversificada que contribuiu para o êxito da produção.
Entretanto, Liniker lamentou não ter sido convidada para participar do evento de celebração e vitória ao lado de sua equipe, sentindo que os esforços de todos aqueles que trabalharam no projeto foram esquecidos. A atriz expressou seu desejo de compartilhar esse marco com colegas e colaboradores do audiovisual brasileiro e global, ressaltando a importância da contribuição de todos para o sucesso da série.
“A beleza dessa série, não é só pela história e condução dos personagens, mas porque pela primeira vez num Brasil que mata, invisibiliza, apaga a memória de pessoas lgbtqiap+, pretas e indígenas, uma profissional, atriz, artista, que estudou para poder exercer esse ofício e travesti preta, pode contar a história de uma outra travesti, ao lado de outras travestis e pessoas trans, de outras pessoas pretas e de aliades, que acreditaram em cada vírgula dessa história e transformaram o grande manhãs de setembro no sucesso que é”, escreveu.
A série “Manhãs de setembro”, dirigida por Luis Pinheiro e Dainara Toffoli, enfrentou a concorrência de outras produções, como ‘Bom dia, Verônica’, ‘Rota 66 – a polícia que mata’, ‘Sob Pressão’ e ‘Turma da Mônica – a série’, na disputa pelo Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. A polêmica em torno da ausência de Liniker na cerimônia coloca em evidência questões sobre reconhecimento e representatividade no cenário audiovisual.
VEJA NOTA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA E ARTES VISUAIS:
A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais convida nominalmente todos os finalistas. Mas os convites nominais são feitos apenas aos finalistas de cada categoria. Sobre os demais convidados, cada produção indicada (séries e filmes) define sua própria lista. Não cabe à Academia escolher quem representará cada produção na cerimônia de premiação, que busca a diversidade no audiovisual brasileiro. O resultado das principais categorias confirma esse posicionamento. Lamentamos muito não ter contado com a presença de Liniker, artista por quem a Academia tem a maior admiração e que realmente fez muita falta ontem na premiação.
VEJA A ÍNTEGRA DA POSTAGEM DE LINIKER:
A arte de fazer arte no Brasil, é um grande desafio, tanto pelas construções artísticas para se desenvolver um trabalho, pela política que muitas vezes invisibiliza os meios possíveis para a concretização e incentivo à esses projetos, as relações que são múltiplas dentro “do meio” e por aí segue o roteiro que a gente já conhece.
Ontem “Manhãs de setembro” série que tive a honra de estrear, ganhou o prêmio de Melhor Série de Ficção no grande e consagrado Grande Premio do Cinema Brasileiro. A beleza dessa série, não é só pela história e condução dos personagens, mas porque pela primeira vez num Brasil que mata, invisibiliza, apaga a memória de pessoas lgbtqiap+, pretas e indígenas, uma profissional, atriz, artista, que estudou para poder exercer esse ofício e travesti preta, pode contar a história de uma outra travesti, ao lado de outras travestis e pessoas Trans, de outras pessoas pretas e de aliades, que acreditaram em cada vírgula dessa história e transformaram o grande manhãs de setembro no sucesso que é. O reconhecimento pelo trabalho, é muito importante, ainda mais como diz uma grande amiga “ a nível de Brasil”, por todo o apagamento histórico que temos e vemos ao longa da história e trajetória artística de muitos e muites artistas por anos.
Ontem, eu não fui convidada para poder celebrar ao lado da equipe e elenco o prêmio que ganhamos, a noite de vitória ao lado de tantos outros artistas e colaboradores do audiovisual brasileiro e mundial, ontem fomos esquecidas mais uma vez, na hora de estourar a champanhe quando chegamos no esperado “rolo 100” de uma produção, ontem o cinema brasileiro, esqueceu mais uma vez, as outras pessoas que colaboram para a criação de um projeto de nível mundial e que mudou sim, a história do audiovisual brasileiro da última década. Não só pelo meu trabalho, mas pela força e talento único de cada pessoa que se dedicou para que a série nascesse.
*Com informações da EPTV Central