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O livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense” foi lançado em um evento na Câmara dos Deputados em Brasília na manhã desta quinta-feira (31).
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A obra reúne documentos, fotos e informações sobre o período da escravização na cidade, além de mais de 500 páginas digitalizadas de escrituras de compra e venda de escravizados
no final do século XIX. Os documentos estavam preservados no Cartório do Primeiro Tabelião de Notas e de Protesto de Araraquara, na contramão de outros municípios do país, já que dois anos após a abolição da escravatura, o Ministro de Estado da época, Rui Barbosa, determinou que todos os documentos relacionados à escravização fossem destruídos.
UMA NOVA ETAPA
O lançamento do livro em Brasília ocorreu em uma cerimônia no Salão Nobre, com os autores da pesquisa, Alessandra Laurindo, Claudio Claudino, Edmundo Oliveira, Felipe Oliveira e Fernando Passos, que reuniram os documentos desde 2015. A iniciativa de realizar a cerimônia em Brasília foi do deputado federal Orlando Silva (PCdoB).
O lançamento oficial da obra em Araraquara aconteceu em março deste ano. Agora, com o lançamento em Brasília, o projeto parte para uma etapa, virar uma referência para que outros municípios brasileiros possam resgatar os documentos que foram queimados no período.
“Quando a gente chega a Câmara dos Deputados e faz o lançamento do livro a nível nacional a gente entende que alcançamos um degrau mais alto. (…) Hoje conseguimos instigar que o Brasil possa igualmente procurar em seus cartórios, vasculhar em seus arquivos outras histórias que também não foram contadas”, disse Alessandra Laurindo, uma das autoras da obra e coordenadora de Políticas Étnico-Raciais de Araraquara.
“Trazer essa discussão para a Câmara Federal é uma possibilidade de provocar os Deputados federais para um passo além do livro, um processo de reparação, que é um próximo passo que a gente almeja”, completou Alessandra.
SOBRE A PESQUISA
O livro resgata documentos de compra e venda de escravizados registrados entre os anos de 1874 e 1887, no município. Depois da determinação da destruição dos arquivos, em 1890, Araraquara foi uma das poucas cidades que mantiveram os livros dos tabelionatos intactos, contrariando sua ordem.
Após inúmeras tentativas e mediante autorização do Juiz-Corregedor Permanente do 1º Tabelião de Araraquara, as cópias digitalizadas dessas escrituras foram liberadas para a OAB Araraquara (Ordem dos Advogados do Brasil) e sua Comissão de Combate à Discriminação Racial.
A publicação do conteúdo foi autorizada e expõe a realidade sobre a época da escravatura no Brasil e a realização de estudos sobre o período, além de possibilitar que descendentes de escravizados tenham acesso à verdade sobre as histórias de suas famílias. A inclusão dos prefácios, por sua vez, permite que as entidades e pessoas envolvidas com a temática manifestem, sob sua ótica, a importância do livro na luta contra o racismo.
O projeto é realizado pela Prefeitura de Araraquara, por meio do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, e pela OAB de Araraquara – 5ª Subseção, contando com o apoio do Sesc, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) da Uniara, da Academia Araraquarense de Letras, do NUPE – Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa em Extensão, da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB e da Frente Parlamentar Antirracista da Câmara Municipal.