O show “Gbó”, com o ogã, cantor e percussionista Sapopemba, abre a programação do I Encontro de Tambores Ecos de Ngoma nesta sexta-feira (05) no Sesc Araraquara, às 20 horas.
O cantor também realiza a oficina “Cantigas e toques afros e caboclos” no sábado, às 10h, no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva e as inscrições estão abertas.
Sapopemba pesquisou a cultura popular afro-brasileira por mais de 50 anos e mantém a memória viva de ritmos e canções de raiz africanas, passadas oralmente através de gerações. Inspirou o documentário “O Canto Afro de Sapopemba”, lançado pelo Sesc em 2019, e o documentário “Sapopemba pelos Amigos”, de Paula Rocha e Caio Csermak.
Alagoano radicado em São Paulo e começou a carreira musical tocando e cantando nos forrós de São Mateus e do Jardim Sapopemba, em São Paulo. Ainda jovem se iniciou no Candomblé Ketu, assumindo a função de ogã, na qual aprendeu um vasto repertório de canHgas de Orixás e de Caboclos, assim como os sambas de roda que sempre finalizam os rituais sagrados com festa.
Ao longo da vida e das muitas funções profissionais que exerceu caminhoneiro, motorista, pintor, segurança e, claro, músico , Sapopemba se converteu em um pesquisador nato da história e da diversidade musical afro-brasileira.
De ogã, foi um passo para Sapopemba tornar-se cantor e percussionista, passando a frequentar os principais palcos do Brasil e de outros países, como Alemanha, Coreia do Sul, Cuba, Espanha e França.
Em sua carreira artística tocou ao lado de grandes nomes da canção popular e da música instrumental, participou de programas de TV e documentários e tornou-se um artista respeitado tanto pela sua qualidade musical como pelo seu profundo conhecimento das tradições musicais afro-brasileiras.
Como caminhoneiro, Sapopemba percorreu as estradas de todo o país, expandindo seus conhecimentos nas tradições populares brasileiras. Foi também por ser motorista da prefeitura de Santo André que, ao levar o Balé Folclórico Abaçaí para uma série de apresentações, recebeu o convite para fazer parte do grupo. Com ele gravou o CD “Agô – Cantos Sagrados Brasil Cuba”.
Em sua trajetória ainda somam a participação na trilha do espetáculo Milágrimas, de Ivaldo Bertazzo. Também gravou o CD “Guga Stroeter e HB convidam Sapopemba”.
GBÓ
Em 2020 Sapopemba lançou pelo Selo Sesc o seu primeiro álbum solo, Gbó, que contou com a produção musical de André Magalhães, direção musical de Ari Colares e produção executiva da Arueira Expressões Brasileiras.
Na abertura do I Encontro de Tambores nesta sexta, o show de Sapopemba apresenta o álbum “Gbó”, lançado pelo Selo Sesc e primeiro solo do mestre alagoano aos 72 anos.
Representa 30 anos de sua carreira musical e mais de 50 de atuação como ogã no Candomblé. Uma mescla de composições próprias com cantigas de Candomblé – das nações Ketu, Ijexá, Angola e Jêje – que mostram a diversidade musical das muitas Áfricas que aportaram ao longo dos séculos no Brasil.
Com produção musical de André Magalhães e direção musical de Ari Colares, Gb é um álbum de encontros: com os músicos que o artista Sapopemba conheceu nos palcos do mundo; com as tradições afro-brasileiras que o caminhoneiro e motorista conheceu dirigindo Brasil afora; com os orixás e as entidades sagradas, para os quais a sua música é um louvor.
Em iorubá, Gb significa ouça. Gb é um convite para ouvir e se deixar levar pela riqueza sonora do Candomblé somada à inventividade harmônica da canção popular. O álbum representa os 30 anos da carreira musical de Sapopemba e os mais de 50 anos de sua atuação como ogã no Candomblé.
No repertório do CD se mesclam composições do próprio Sapopemba com cantigas de Candomblé – das nações Ketu, Ijexá, Angola e Jêje – que nos levam através da diversidade musical das muitas Áfricas que aportaram ao longo dos séculos no Brasil. Completam o CD duas regravações do cancioneiro afro-baiano, mostrando que a sonoridade dos terreiros é um dos pilares da música popular brasileira.
OFICINA
Depois, no sábado (06), Mestre Sapopemba ministra a oficina “Cantigas e toques afros e caboclos”, às 10h, no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva, trazendo sua vivência nos terreiros de diversas nações.
A oficina será dividida em duas partes: “Toques e cantigas afros (Angola, Ketu e Jejê)” e “Toques e cantigas caboclas – como se toca para caboclo no candomblé na mesa de Jurema, no Catimbó e na Xambá”.
São 20 vagas gratuitas e as inscrições podem ser realizadas pelo fone (16) 3322-2770.
O Encontro de Tambores segue até domingo (07), com diversas atividades nos 3 dias de programação gratuita. A realização é da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, e conta com o apoio cultural do Sesc Araraquara.