- Participe do nosso WhatsApp (Clique aqui)
- Participe do nosso Telegram (Clique aqui)
O diretor, roteirista e teatrólogo nascido em Araraquara, José Celso Martinez Corrêa, conhecido como Zé Celso, foi declarado patrono da cultura de Araraquara. A lei com a homenagem foi aprovada durante sessão ordinária da Câmara, na segunda-feira (14).
VEJA TAMBÉM
Idoso é socorrido em estado grave após cair de telhado com três metros de altura em Matão
Jovem é preso com drogas; aos policiais ele afirmou que é usuário e aproveitou uma ‘promoção’
O título entregue a Zé Celso, considerado um dos filhos ilustres da Morada do Sol, é simbólico e foi sugerido pela vereadora Fabi Virgílio (PT). Ela ressaltou o papel do dramaturgo na formação de inúmeros artistas de renome nacional e seus laços com a cidade.
“Zé nos ensinou que teatro não se faz somente com técnica, mas também com estômago, tesão, paixão e, principalmente, amor. Um amor que transcende o homem e sua criação e essa é a fusão perfeita e que não se sabe quando começou um ou outro”, defendeu a parlamentar.
O INCÊNDIO E MORTE
Zé Celso foi internado no Hospital das Clínicas em São Paulo, após um incêndio atingir seu apartamento na madrugada de 4 de julho de 2023. O estado de saúde do diretor era grave devido às queimaduras e ele morreu dois dias depois, aos 86 anos, com falência dos órgãos.
O marido do araraquarense, Marcelo Drummond, e outras duas vítimas que moravam no apartamento – Ricardo Bittencourt e Vitor Rosa – foram encaminhados para unidade de saúde e liberados no dia seguinte ao ocorrido na capital paulista.
Na oportunidade, artistas, líderes da política local e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestaram solidariedade aos amigos, familiares e fãs de Zé Celso. A Prefeitura Municipal de Araraquara decretou luto oficial de três dias devido à morte de seu filho célebre.
QUEM FOI ZÉ CELSO?
Araraquarense com talento ímpar para as artes, principalmente as cênicas, o autor, diretor e ator é reverenciado pelos quatro cantos do país. Sua terra natal serviu de inspiração para escrever sua primeira peça teatral chamada “Vento forte para papagaio”, em 1958.
Diplomado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP (Universidade de São Paulo), Zé Celso abandonou o terno e a gravata para mostrar seu talento no teatro com genialidade, ousadia e bastante polêmica – especialmente durante a Ditadura Militar.
A carreira nos palcos começou na década de 1960, no Teatro Oficina. Ao longo de sua trajetória, ele encenou peças icônicas como “Os Pequenos Burgueses” de Gorki, “Andorra” de M. Frisch, “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade e “Roda Viva” de Chico Buarque.
No entanto, seu caminho no teatro não foi livre de obstáculos. Durante o período do regime militar, Zé Celso enfrentou problemas com a censura e, em 1974, chegou a ser preso e posteriormente exilado em Portugal. Foi nesse período que ele formou o grupo Oficina Uzyna Uzona.
Além de sua atuação como diretor, Zé Celso também teve participações como protagonista em peças como “Galileu Galileu” de Brecht. Ele também se aventurou no mundo do cinema, dirigindo o documentário “O Parto”, que abordava a Revolução dos Cravos, e o filme “Vinte e Cinco”, patrocinado pelo Instituto Nacional de Cinema de Moçambique.
Em 1978, Zé Celso retornou ao Brasil e reassumiu seu trabalho à frente do Teatro Oficina, que havia sido transformado em Uzyna Uzona. Durante esse período, ele escreveu a peça “Cinemação” em colaboração com o dramaturgo Noílton Nunes.
Também liderou um movimento para manter o Teatro Oficina aberto, resultando em seu tombamento em 1982 e sua reinauguração em 1983.
Ao longo de sua carreira, Zé Celso foi agraciado com mais de 20 prêmios, incluindo o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro de Santos em 1958, pelo trabalho “A Incubadeira”, e o prêmio de melhor direção no Festival Latino-Americano por “Os Pequenos Burgueses” e “Andorra” em 1965.
Ele também foi vencedor do Prêmio Shell de Melhor Direção por “Hamlet” em 1993, do Prêmio Mambembe de Melhor Ator em 1998 por “Ela” de Jean Genet, e do Prêmio Shell de Melhor Autor e Diretor por “Cacilda!” em 1999.
Mais recentemente, Zé Celso protagonizou uma brilhante retomada do Teatro Oficina com a peça “Esperando Godot”. Em parceria com Monique Gardenberg, ele trouxe a dramaturgia de Samuel Beckett para os dias atuais, abordando temas contemporâneos como a pandemia da covid-19, em meio a cenários desafiadores.
LEIA MAIS